Bulhões promete acabar com fracionamento de emendas de bancada

O grupo do senador Renan Calheiros (MDB) insiste na candidatura do deputado federal e líder do MDB Isnaldo Bulhões para a presidência da Câmara. Bulhões enfrenta o atual chefe do Legislativo, Arthur Lira (PP), que apoia Elmar Nascimento (União-BA).

Essa disputa pelo poder é mais um capítulo da divisão calheiristas e liristas. E por ser um novo episódio, Bulhões aproveitou a visita do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowisk, para inauguração do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) no bairro do Benedito Bentes e despejou sua principal proposta: acabar com o fracionamento das emendas de bancada.

A ideia é unir os parlamentares em blocos, encaminhar as de mandas para o Orçamento Geral da União e que o dinheiro seja encaminhado para obras chamadas pelo deputado de estruturantes “e que dê resultados na hora da entrega”.

Deu como exemplo o Cisp, que teve emendas de Renan e Bulhões para sair do papel.

Essa questão das emendas é talvez o ponto mais importante na campanha do futuro presidente da Câmara porque o Congresso não abre mão do protagonismo sobre o dinheiro abocanhado no Orçamento Geral da União. 

Ao mesmo tempo, Bulhões quer atrair os votos dos parlamentares, mas principalmente os radares do Palácio do Planalto. O apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é peça-chave para a eleição na Câmara, programada para fevereiro de 2025. E Lula quer o Executivo mais forte no direcionamento destas emendas.

Porém os caminhos do poder em Brasília se abrem para outros planos. O governo articula a candidatura de Marcos Pereira (SP), do Republicanos, partido da Igreja Universal do Reino de Deus, perfil visto com bastante influência entre os parlamentares e interlocução direta com Lula. Seria uma forma de minar Lira. 

Ao mesmo tempo, Renan Calheiros busca assustar bases eleitorais de Lira, como a Barra de São Miguel. O pai de Arthur, Benedito de Lira, disputa a reeleição. O calheirismo quer o vice de Biu, Floriano Melo, como oposição. A equipe do governador Paulo Dantas (MDB) planeja inaugurações em série para “mostrar serviço” e, com palanque armado, sacudir o recado aos Lira.

E Arthur Lira, em revide, vai costurando um nome de oposição na terra dos Calheiros: Murici. 

Também os dois grupos avançam, com voracidade, sobre os prefeitos. Nas gôndolas eleitorais, ter prefeitos significa agregar vereadores, lideranças comunitárias e consequentemente votos.

Recentemente o presidente da Câmara filiou ao seu PP Jarbas Omena, que novamente buscará a Prefeitura de Messias. Lira estava ao lado do deputado Francisco Tenório, até pouco tempo presença constante nos palanques montados pelo Palácio República dos Palmares. 

“Hoje começamos uma longa caminhada. Até as convenções de julho e agosto vamos dialogar com a sociedade de Messias agrupando nomes e anseios em torno de nossa pré-candidatura. Precisamos de união e de trabalho coletivo para fazer com que nosso município tenha, novamente, uma gestão séria, honrada e que atenda às demandas da população carente e que tanto precisa. Temos imenso orgulho em contar com o deputado Arthur Lira como líder deste projeto em todo o estado, e a ser encabeçado por nosso grupo em Messias”, disse Jarbinhas, repetindo chavões e clichês que o povo gosta de ouvir há décadas. 

Em Pilar, Calheiros filiou Fátima Resende, apoiada pelo atual prefeito Renato Filho que não pode mais disputar a reeleição. Mas a chapa também inclui o PP, de Lira.

E Renato Filho fecha o mesmo acordo com os outros prefeitos: em 2026, haverá duas vagas ao Senado em disputa. Calheiros quer a reeleição e Lira novo trabalho, deixando a Câmara.

Também o MDB vai filiando nomes para as câmaras de vereadores. Em Maceió a delegada Ana Luiza Nogueira é candidata: 

‘’É mais um desafio para nós que estamos há mais 20 anos na labuta. Uma oportunidade para mostrar os meus serviços, ajudando todas as mulheres maceioenses. Esse ano foi publicado pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública que Alagoas apresentou o indicador de maior redução de feminicídio, ficando em segundo lugar no Nordeste, representando então um grande avanço no enfrentamento da violência contra a mulher’’, disse Nogueira.

Em Arapiraca o prefeito Luciano Barbosa tentou limpar o terreno evitando que a oposição tivesse legenda. Mas o Solidariedade, de Adeilson Bezerra, topou entrar na disputa na oposição a Luciano e lançando o ex-deputado Tarcízio Freire, que era lirista.

“O Solidariedade é o único partido que tem em suas bandeiras a defesa da causa animal, a valorização da mulher na política e o combate às desigualdades sociais. Não poderia estar em melhor partido”, disse o parlamentar.