Conteúdo do impresso Edição 1263

CULTURA

Jorge Oliveira lança dois livros em Portugal e estreia filme

Ainda neste primeiro semestre, 11º livro do escritor e jornalista, ‘Muito prazer eu sou a vida’, será lançado em Maceió e Brasília
Por Redação 27/04/2024 - 05:00

ACESSIBILIDADE

Divulgação
Ainda neste primeiro semestre, 11º livro do escritor e jornalista, ‘Muito prazer eu sou a vida’, será lançado em Maceió e Brasília
Ainda neste primeiro semestre, 11º livro do escritor e jornalista, ‘Muito prazer eu sou a vida’, será lançado em Maceió e Brasília

O jornalista, escritor e cineasta Jorge Oliveira lança em maio, em Portugal, os livros Boca do inferno e Conspiração. As duas obras contam histórias inéditas sobre os ditadores Salazar e Getúlio Vargas.

Em Conspiração, o jornalista revela fatos ainda não conhecidos do alagoano que tentou matar, no Rio, Prudente de Morais, o primeiro presidente civil da República, e três meses depois apareceu enforcado numa cela do Exército, no Arsenal de Guerra, na Praça XV, no Rio.

Com quase todos os exemplares dos livros vendidos na plataforma da Amazon, o escritor segue em frente com as suas obras e acaba de anunciar o final do seu décimo primeiro livro com previsão de lançamento ainda neste primeiro semestre em Brasília e Maceió. “Muito prazer eu sou a vida - Histórias de um repórter inquieto” conta as suas aventuras desde que saiu de Alagoas em 1969 até a consagração com o Prêmio Esso de Jornalismo em 2000.

Como cineasta, Jorge Oliveira é um dos diretores mais premiados do Brasil. Agora, no dia 4 de maio, o seu filme O Voo da Borboleta Amarela- Rubem Braga, o cronista do Brasil, estreia no Cine Turim, em Lisboa, depois de ter recebido o prêmio de melhor documentário em 2022 no Festin - Festival de Cinema da Língua Portuguesa. Suas obras cinematográficas já renderam ao diretor mais de vinte prêmios no Brasil e no exterior.

VIVENDO PARA DRIBLAR A MORTE

“Quando deixei a casa do pistoleiro que foi contratado por um político alagoano para me matar no Rio, em 1980, já refeito do susto, e na certeza de que estava vivo, despedi-me do sicário que me ofereceu a mão leve, falsa, para cumprimentá-lo, com esta frase: “Muito prazer, eu sou a vida”.

E agora, 44 anos depois desse encontro macabro, me recuperando de um AVC desde o final de 2022, escrevo sobre a vida, pois sobre a morte eu contei em outro livro, já na terceira edição, o “Muito prazer eu sou a morte”. Neste, editado e lançado em Portugal, descrevo como morri pelas mãos do jagunço alagoano que, num ato de comiseração, desistiu da empreitada, mas contou o plano da emboscada que reconstitui no livro. Mal sabia o danado matador que me dava a chance de escrever dois livros: um sobre a morte e este agora sobre a vida, duas linhas que correm paralelas, mas só uma delas, a da vida, é interrompida, deixando um rastro de saudade ao finalizar o ciclo da existência às vezes de maneira repentina, brusca e cruel.

Como já morri na primeira história fico à vontade, ou melhor, ressuscitado, para contar nesta agora os prazeres da vida enquanto vou driblando a morte personificada nesta velha encarquilhada, rabugenta que ronda as madrugadas à procura de almas perdidas. Não sei até quando vou me esconder desta senhora inconveniente. Sei, contudo, que um dia inevitavelmente serei tragado por ela. Já estive muito perto das garras afiadas dessa ave de rapina traiçoeira, mas ela vacilou e eu escapuli em pleno voo para cair no mar cintilante das Alagoas. E é como sobrevivente, pela segunda vez, que conto essas histórias de amizades na minha trajetória de 60 anos de profissão, de vida saudável, bem humorada e irreverente dos meus mais de setenta anos de idade neste décimo primeiro livro.

No “Muito prazer eu sou a morte” passei por momentos de tensão até dar o ponto final no livro, quando o meu corpo, enfim, foi cremado e as cinzas levadas numa urna para o mar em Maceió pelos meus filhos e a Ana, minha companheira. Agora com “Muito prazer eu sou a vida”, compenso o chororô dos órfãos e da viúva com histórias às vezes alegres das minhas aventuras como repórter e das noites boêmias em Maceió, no Rio, Brasília e Portugal nas mesas dos bares que escolhi para os meus encontros e convivência com os amigos de A a Z. Em alguns desses episódios sou personagem; em outros coadjuvante. Com amigos mais diversos como os jornalistas, artistas, músicos, poetas, políticos, boêmios e vagabundos e vagabundas da noite vivenciei as boas coisas da vida. E evidentemente ao lado dos meus queridos comunistas momentos inesquecíveis e mais saborosos da vida mundana, política e profissional.

Este livro não tem a pretensão de ensinar ninguém a viver, mas o de morrer bem, tranquilo, com saúde e dignidade desde que se mantenha saudável e amante da vida para ter a prerrogativa de subir sem mágoa, feliz da vida que, de tão curta, a gente nem se dá conta que se vai tão cedo. Afinal de contas morrer com saúde não é um privilégio apenas dos senhores Roberto Marinho e Abílio Diniz. Boa sorte caro leitor/ leitora enquanto pode driblar essa bruxa feia, desengonçada, desdentada de cara esburacada e engelhada; de mortalha surrada e foice de boia fria. Xô senhora, descola, vá bater em outra porta se está tão ansiosa à procura de uma alma perdida”. (Trecho do novo livro “Muito prazer eu sou a vida”)



Encontrou algum erro? Entre em contato