Conteúdo do impresso Edição 1282

ELEIÇÕES

JHC já faz campanha para governo estadual ou Senado em 2026

Praticamente reeleito, prefeito de Maceió ameaça soberania dos Calheiros e dos Lira
Por ODILON RIOS 07/09/2024 - 06:00

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Reprodução/FACEBOOK JUNIOR DÂMASO
JHC foi a Marechal apoiar Junior Dâmaso
JHC foi a Marechal apoiar Junior Dâmaso

Considerando-se reeleito, o prefeito JHC (PL) já acumula nesta votação o próximo objetivo: concorrer a alguma coisa (talvez governo ou Senado) em 2026. Para isso, iniciou périplo entre municípios ajudando outros candidatos nas disputas.

Como se sabe, estas articulações começaram bem antes das convenções, quando ele escolheu como vice o senador Rodrigo Cunha (Podemos), que cumpre duas funções: evita que a gestão seja entregue a um indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), com potencial de atrapalhar as pretensões eleitorais do prefeito, e coloca a suplente do senador e mãe de Jota, Eudócia Caldas (PL), mais próxima de assumir a vaga.

E como ele está praticamente reeleito e no primeiro turno, conforme apontou a pesquisa Quaest/TV Gazeta divulgada semana passada, Eudócia Caldas já pode se considerar senadora em 2025, ocupando o cargo até 2027.

É uma mudança na rota dentro da política alagoana. Nos últimos 20 anos, os Calheiros e os Lira predominaram no cenário local, quase sem ameaças. Durante anos, o pai de JHC, João Caldas, foi deputado federal, mas sempre esteve na periferia do poder. Com o filho avançando no Executivo e a esposa assumindo vaga em Brasília, JC constrói uma ponte para voltar a ser deputado federal. E teremos no cenário local uma terceira família na política, ameaçando as atuais oligarquias.

Enquanto isso, JHC aproveita a popularidade e avança pelo interior. Para alavancar Joãozinho Pereira em Junqueiro, gravou vídeo que circula nas redes sociais e, lógico, deve ter a paga num futuro próximo: a fidelidade da família em 2026. Joãozinho foi superintendente da Codevasf, estatal com ramificações nos 102 municípios e cercada por escândalos envolvendo o orçamento secreto. A indicação ao cargo e o orçamento secreto são obras do primo e presidente da Câmara.

A irmã de Joãozinho, Jó, foi secretária Municipal de Educação da capital, mas ainda é quem manda, de fato, na pasta. Ela também foi vice de Rodrigo Cunha na disputa ao governo do Estado em 2022.

Irmã de Joãozinho e Jó, Pauline Pereira disputa a Prefeitura de Campo Alegre. Ela foi diretora financeira do Hospital Veredas – velho conhecido por aplicar calote em funcionários, que acumulam meses de salários atrasados e fechamento de trecho da Avenida Fernandes Lima, pressionando o hospital a respeitar leis trabalhistas.

Em Marechal Deodoro, Junior Dâmaso disputa a Prefeitura contra o grupo do atual gestor, Cacau, que lançou a sucessor o vereador André Bocão. O deputado Alexandre Ayres (MDB) é irmão de Cacau e está diariamente em campo no município vizinho. Popular em Marechal, JHC é tratado como elemento fundamental para dar vantagem e gás ao grupo de oposição.

A cidade também é cobaia nos experimentos do prefeito de Maceió. Porque a disputa é contra o grupo dos Calheiros, a poderosa família com dois trunfos (Renan Calheiros e Renan Filho) que terá Renan-pai disputando a reeleição ao Senado e o ministro dos Transportes desistindo da ascensão política na capital federal para descer à planície e enfrentar JHC, caso o prefeito decida disputar para valer o cargo de governador.

Mesma coisa em Palmeira dos Índios, onde o prefeito já gravou apoio a Mosabelle Ribeiro, que enfrenta Tia Júlia, ex-secretária de Educação na gestão do atual prefeito Júlio Cezar, que recebe apoio dos Calheiros.

Cenário completamente diferente em Arapiraca porque JHC está no mesmo palanque dos Calheiros e de Arthur Lira. Todos empenhados na reeleição de Luciano Barbosa (MDB), uma incógnita para 2026. Barbosa tem o filho Daniel (PP) deputado federal e deve ser candidato à reeleição.

A família Davino não tem um candidato a prefeito, mas já teve Davi Davino Filho disputando a Prefeitura de Maceió em 2020 e o Senado em 2022. Em ambas as eleições terminou em terceiro lugar, mas quando olhamos apenas as urnas de Maceió, na corrida ao Senado Davi Davino Filho foi o mais votado.

O clã tem Davi Davino-pai disputando a reeleição na Câmara dos Vereadores. Rose Davino é deputada estadual. Os Davino não dependem diretamente do prefeito, mas JHC precisa da influência deles na capital para alçar voos quando e se renunciar à Prefeitura. A aliança vem dando resultados.

Os Davino projetam um nome a federal em 2026, já que Arthur Lira – a quem são ligados – vai tentar uma das duas vagas ao Senado. E JHC facilitou os caminhos da burocracia administrativa para a construção e futura inauguração do Hospital Funbrasil, pertencente à família e que vai ofertar serviços via SUS.


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