TREMORES NO PINHEIRO

Moradores fazem passeata para cobrar soluções

Rachaduras e tremores no solo se agravam no Pinheiro
Por Tâmara Albuquerque e Bruno Fernandes 04/12/2018 - 08:20
A- A+
Moradores iniciam mobilização para cobrar respostas do poder público sobre fenômeno de rachaduras em imóveis e asfalto do bairro - Foto Bruno Fernandes
Moradores iniciam mobilização para cobrar respostas do poder público sobre fenômeno de rachaduras em imóveis e asfalto do bairro - Foto Bruno Fernandes

Moradores do bairro Pinheiro, em Maceió, realizam hoje, 4, pela manhã uma manifestação para cobrar do poder público respostas ao problema de rachaduras nos imóveis e vias urbanas, surgidas após fortes chuvas no mês de fevereiro. A comunidade teme que o fenômeno, que hoje completa 10 meses, provoque uma tragédia, já que as brechas na alvenaria não deixaram de aumentar ou aparecer em casas e apartamentos da região.

A moradora Cláudia Mendes denuncia que as estruturas dos imóveis estão tão afetadas que as portas não abrem e o teto cede visivelmente. Além disso, continuam sentindo o solo “mexer”. Os moradores questionam a presença de caminhões da empresa Braskem, no bairro. No início do problema, as atividades da empresa chegaram a ser citadas como causa do fenômeno.

Segundo a empresa, a Defesa Civil e o Departamento Nacional de Produção Mineral solicitaram uma série de informações para Braskem, Casal e Petrobrás para contribuir com os estudos sobre o caso.

No local, uma empresa terceirizada está montando equipamentos para, segundo os funcionários, verificar a situação das cinco minas de salmora existente na área.

Pelo menos três quarteirões do bairro apresentam o problema, que chegou a afundar o asfalto em vias do bairro, mas cujas causas ainda não foram identificadas, apesar da avaliação de técnicos em várias áreas, a exemplo de geólogo e engenheiros.

Os moradores farão passeata pacífica pelo bairro para cobrar respostas dos órgãos públicos. Eles denunciam a falta de comunicação e diálogo do poder público com a comunidade. 

A Defesa Civil chegou a recomendar que moradores deixassem o local para prevenir acidentes com risco de morte. Muitos se sacrificaram e atenderam, mas quem permanece no local e não tem outra opção vive apavorado, em desespero a cada chuva que cai na cidade e que agrava o problema. Os aluguéis sociais prometidos para moradores em imóveis considerados de risco não foram pagos pela Prefeitura, segundo denúncia da comunidade.

O Ministério Público de Alagoas (MP-AL) também abriu um procedimento administrativo para cobrar da Prefeitura de Maceió e do Governo do Estado que fossem adotadas medidas com o objetivo de determinar as causas exatas do fenômeno. O estudo técnico realizado pela Defesa Civil, um mês após o surgimento do problema, não apontou nenhum corpo estranho no subsolo, capaz de causar as fissuras.

No último dia 29 de novembro, o prefeito Rui Palmeira esteve em Brasília para solicitar mais apoio e recursos para dar continuidade aos estudos visando determinar as causas do problema. Ele reconheceu que precisa de suporte técnico operacional e financeiro, inclusive para garantir algum tipo de assistência humanitária aos moradores da área.

O secretário municipal da Defesa Civil, Dinário Lemos, disse que há necessidade de dar continuidade aos estudos, que precisam ser reforçados com o envio de equipamentos de maior precisão pelo governo federal. 

Segundo o secretário, técnicos da Defesa Civil de Maceió estão realizando levantamentos em relação à população para encaminhar dados ao Governo Federal. A prefeitura ainda não sabe quantas pessoas foram afetadas pelo fenômeno.

O órgão afirma que tem mantido o monitoramento, através de medições, para saber se continua havendo dilatação das rachaduras nos imóveis e asfalto.

Lemos também anuncia que uma nova etapa de estudo deve ser iniciada no local pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que está adquirindo outros equipamentos para a análise do solo do bairro, o que deve colaborar com o diagnóstico ainda não fechado, apesar do fenômeno ter iniciado no início deste ano.

Leia mais sobre


Encontrou algum erro? Entre em contato