TREMORES NO PINHEIRO
Moradores fazem passeata para cobrar soluções
Rachaduras e tremores no solo se agravam no PinheiroMoradores do bairro Pinheiro, em Maceió, realizam hoje, 4, pela manhã uma manifestação para cobrar do poder público respostas ao problema de rachaduras nos imóveis e vias urbanas, surgidas após fortes chuvas no mês de fevereiro. A comunidade teme que o fenômeno, que hoje completa 10 meses, provoque uma tragédia, já que as brechas na alvenaria não deixaram de aumentar ou aparecer em casas e apartamentos da região.
A moradora Cláudia Mendes denuncia que as estruturas dos imóveis estão tão afetadas que as portas não abrem e o teto cede visivelmente. Além disso, continuam sentindo o solo “mexer”. Os moradores questionam a presença de caminhões da empresa Braskem, no bairro. No início do problema, as atividades da empresa chegaram a ser citadas como causa do fenômeno.
Segundo a empresa, a Defesa Civil e o Departamento Nacional de Produção Mineral solicitaram uma série de informações para Braskem, Casal e Petrobrás para contribuir com os estudos sobre o caso.
No local, uma empresa terceirizada está montando equipamentos para, segundo os funcionários, verificar a situação das cinco minas de salmora existente na área.
Pelo menos três quarteirões do bairro apresentam o problema, que chegou a afundar o asfalto em vias do bairro, mas cujas causas ainda não foram identificadas, apesar da avaliação de técnicos em várias áreas, a exemplo de geólogo e engenheiros.
Os moradores farão passeata pacífica pelo bairro para cobrar respostas dos órgãos públicos. Eles denunciam a falta de comunicação e diálogo do poder público com a comunidade.
A Defesa Civil chegou a recomendar que moradores deixassem o local para prevenir acidentes com risco de morte. Muitos se sacrificaram e atenderam, mas quem permanece no local e não tem outra opção vive apavorado, em desespero a cada chuva que cai na cidade e que agrava o problema. Os aluguéis sociais prometidos para moradores em imóveis considerados de risco não foram pagos pela Prefeitura, segundo denúncia da comunidade.
O Ministério Público de Alagoas (MP-AL) também abriu um procedimento administrativo para cobrar da Prefeitura de Maceió e do Governo do Estado que fossem adotadas medidas com o objetivo de determinar as causas exatas do fenômeno. O estudo técnico realizado pela Defesa Civil, um mês após o surgimento do problema, não apontou nenhum corpo estranho no subsolo, capaz de causar as fissuras.
No último dia 29 de novembro, o prefeito Rui Palmeira esteve em Brasília para solicitar mais apoio e recursos para dar continuidade aos estudos visando determinar as causas do problema. Ele reconheceu que precisa de suporte técnico operacional e financeiro, inclusive para garantir algum tipo de assistência humanitária aos moradores da área.
O secretário municipal da Defesa Civil, Dinário Lemos, disse que há necessidade de dar continuidade aos estudos, que precisam ser reforçados com o envio de equipamentos de maior precisão pelo governo federal.
Segundo o secretário, técnicos da Defesa Civil de Maceió estão realizando levantamentos em relação à população para encaminhar dados ao Governo Federal. A prefeitura ainda não sabe quantas pessoas foram afetadas pelo fenômeno.
O órgão afirma que tem mantido o monitoramento, através de medições, para saber se continua havendo dilatação das rachaduras nos imóveis e asfalto.
Lemos também anuncia que uma nova etapa de estudo deve ser iniciada no local pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que está adquirindo outros equipamentos para a análise do solo do bairro, o que deve colaborar com o diagnóstico ainda não fechado, apesar do fenômeno ter iniciado no início deste ano.