JUDICIALIZAÇÃO DA SAÚDE

Número de ações são reflexo de sistema de saúde falho

Fórum discute causas, soluções e consequências do elevado número de processos
Por Sofia Sepreny 03/11/2019 - 14:10
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Caio Loureiro
Arnaldo Hossepian membro do Comitê Executivo Nacional do Fórum da Saúde.
Arnaldo Hossepian membro do Comitê Executivo Nacional do Fórum da Saúde.

Reflexo de um sistema de saúde deficitário, o acesso de uma parcela da população a medicamentos, exames, cirurgias e tratamentos ainda é precário, o que acarreta em uma busca cada vez maior pelo Poder Judiciário. Orçamentos públicos explodindo mensalmente, ações movidas, judicialização da saúde. É dessa maneira que o número de processos contra o Estado e contra empresas de planos de saúde crescem em Alagoas e no país.


A judicialização da saúde consiste basicamente na tentativa da população de obter recursos por intermédio de ações judiciais. "Enquanto o Judiciário tiver que resolver a questão da saúde, que era aquilo que verdadeiramente o poder público já deveria arcar, mas não o faz, cabendo ao Judiciário fazer com que ele o faça, a situação é preocupante", afirmou o ex-conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Arnaldo Hossepian, atual membro do Comitê Executivo Nacional do Fórum da Saúde.


A declaração foi dada durante o Fórum de Judicialização da Saúde realizado nos dias 24 e 25 últimos em Maceió. O evento reuniu profissionais da área da saúde, magistrados, juízes, e até estudantes para debater causas, consequências e soluções quanto ao aumento da judicialização e dos gastos com a saúde.


De acordo com dados do Tribunal de Justiça de Alagoas, em 2016 o número de casos novos judicializados foi de 3.355 e de casos pendentes no mesmo ano, 9.334. Em 2017 os casos novos diminuíram para 3065, e os pendentes para 8.366. Em 2018, o número de casos novos aumentou para 3.939 e de pendentes para 7.276. Já em em 2019, até o mês de outubro, houve redução nos dois casos, com 3.440 novos e 6.970 pendentes.


"Sabemos que há um segmento de profissionais que usam o Judiciário de forma criminosa, de forma predatória, e até de forma irresponsável, sangrando os cofres públicos, tentando imputar uma ação, pensando que o magistrado não tem entendimento técnico-científico. Ele de fato não tem. Mas agora ele possui uma ferramenta, que são os comitês estaduais que o auxiliam para isso, para que aquilo que não contribuirá em nada para uma melhor qualidade de vida, ou para salvação de uma vida, seja rechaçado", afirmou Hossepian.


A ferramenta citada pelo ex-conselheiro é uma das formas de solucionar o aumento no número de ações da saúde na justiça. Trata-se dos Comitês Estaduais de Saúde que buscam resolver os problemas relacionados à saúde através da mediação. Além dos comitês existem os Núcleos de Apoio Técnico que auxiliam o magistrado - que não são da área da saúde - no que se refere a conhecimento técnico-científico.

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