Pela primeira vez, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, visitou a Serra da Barriga, em União dos Palmares, interior de Alagoas, nesta segunda-feira, 2. O local histórico recebeu o I Encontro Nacional de Órgãos e Assessorias de Direitos Humanos do Judiciário Brasileiro.

No Parque Memorial Quilombo dos Palmares, Barroso destacou a importância simbólica da serra para a democracia e os valores constitucionais.

“Este é um lugar muito importante para a história do Brasil. Fiz questão de vir e celebrar esse país multirracial e multicultural”, declarou o ministro.

Segundo ele, princípios como liberdade, dignidade e participação popular, que inspiraram a resistência em Palmares, também orientam o Judiciário brasileiro. “Estamos em um lugar cheio de simbolismo”, afirmou.

Justiça e memória

O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), desembargador Fábio Bittencourt, reforçou o papel histórico da serra como espaço de luta por liberdade.

“A liberdade foi muito intensamente buscada aqui. Precisamos unir esforços para proteger os vulneráveis”, disse.

O desembargador Tutmés Airan, presidente da Coordenadoria de Direitos Humanos do TJAL, lembrou que, pela primeira vez, todas as equipes dos tribunais dedicadas ao tema se reúnem presencialmente. “E nada mais simbólico do que ser aqui”, pontuou.

Para ele, a presença do STF reafirma o compromisso com os direitos das populações minorizadas. “É uma declaração de apoio à negritude.”

O governador de Alagoas também participou da solenidade e destacou que democracia vai além do voto:
“Democracia se constrói garantindo direitos a todos: pretos, indígenas, mulheres, pessoas com deficiência. É isso que buscamos em Alagoas.”

Palmares: legado de resistência

A Serra da Barriga abriga o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, símbolo da luta negra por liberdade e igualdade. No auge, o quilombo chegou a reunir cerca de 30 mil pessoas — africanos escravizados que fugiram dos engenhos e criaram uma sociedade com estruturas próprias de governo, economia e defesa.

Nomes como Zumbi, Dandara, Aqualtune e Ganga Zumba representam esse legado de resistência. O parque foi tombado como patrimônio histórico nacional em 1985 e pelo Mercosul em 2017.