MEIO AMBIENTE

Alagoas registra aumento na perda de Mata Atlântica, aponta relatório

Apesar de alta percentual, o estado continua entre os que menos desmatam o bioma
Por Adja Alvorável 07/06/2025 - 06:00
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Divulgação/Atlas da Mata Atlântica
Alagoas registrou a supressão de 18 hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica
Alagoas registrou a supressão de 18 hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica

Entre 2023 e 2024, Alagoas registrou a supressão de 18 hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica, um aumento de 30% em relação ao período anterior, quando foram identificados 14 hectares desmatados. Os dados são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O Altas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica mapeou os 17 estados inseridos no Mapa da Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica (AL, BA, CE, ES, PI, GO, MS, MG, RJ, SP, PB, PE, PR, SC, SE, RN, RS) no período de 2023 a 2024.

Além de Alagoas, outros seis estados registraram aumento do desflorestamento: Bahia, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Goiás e Rio de Janeiro. Nove unidades da federação registraram redução, são elas: Minas Gerais, Piauí, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Paraíba, Sergipe, São Paulo e Rio Grande do Norte.

Em todo o território nacional, o desflorestamento registrado totalizou 14.366 hectares, que correspondem à perda de 39,3 hectares de matas por dia, resultando na emissão de aproximadamente 6,87 milhões de toneladas de CO₂ equivalente na atmosfera.

De acordo com o relatório, embora represente uma redução de 2% em relação ao valor do período 2022-2023, que registrou 14.697 hectares desmatados, ainda é 26% superior ao menor índice da série histórica iniciada em 1985: os 11.399 hectares observados no período de 2017 a 2018.

O EXTRA fez contato com a assessoria Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) para comentar o fato, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto. O espaço segue aberto.

Importância da Mata Atlântica

Além de servir de habitat e proteção para várias espécies de animais, o relatório afirma que estudos indicam a Mata Atlântica como um dos biomas prioritários no mundo para ser restaurado por causa da sua importância estratégica no enfrentamento das crises globais de biodiversidade e do clima.

A conservação a restauração desse bioma são essenciais para prevenir desastres e tragédias que afetam diretamente 70% da população brasileira e 80% da economia nacional. Veja abaixo algumas funções cumpridas pela Mata Atlântica:

🌧️ 1. Controle de desastres naturais: a vegetação da Mata Atlântica ajuda a conter encostas, evitar deslizamentos e reduzir o risco de enchentes, pois o solo coberto por mata absorve melhor a água da chuva.

💧 2. Proteção de mananciais e abastecimento de água: a Mata Atlântica abriga as nascentes e bacias hidrográficas que abastecem os grandes centros urbano. Preservar essas áreas garante qualidade e quantidade de água para milhões de pessoas e para atividades produtivas.

🌡️ 3. Regulação do clima: as florestas ajudam a regular o microclima e a reduzir as ilhas de calor nas cidades. A Mata Atlântica também contribui para o equilíbrio do ciclo das chuvas e ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, absorvendo dióxido de carbono (CO₂).

🌱 4. Base da economia e dos serviços ecossistêmicos: cerca de 80% da economia nacional está em áreas originalmente cobertas pela Mata Atlântica. A conservação do bioma garante recursos naturais essenciais à agricultura, geração de energia, turismo e até à indústria farmacêutica.

👥 5. Qualidade de vida e saúde pública: ambientes degradados favorecem surtos de doenças como dengue e leptospirose. Já áreas verdes urbanas e naturais proporcionam ar mais limpo, bem-estar e até redução de gastos com saúde pública.

Sobre o atlas

O Altas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica é feito desde 1989 e tem como objetivo determinar a distribuição dos remanescentes da Mata Atlântica, monitorar as alterações da cobertura vegetal e gerar
informações permanentemente atualizadas sobre o bioma.

O mapeamento é feito com base em imagens de satélites. No período de 2023 a 2024, dos 130.973.638 hectares que compõem a Área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica, foi possível analisar 98% desta extensão. Os 2% restantes foram parcialmente avaliados devido à interferência de nuvens nas imagens de satélite.


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