JUDICIÁRIO
Uso de tornozeleira dispara e cai o número de presos provisórios no Brasil
Audiências de custódia também cooperam para a queda na população carcerária que aguarda julgamento
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado na última quinta-feira (20), mostra uma expressiva queda no número de presos provisórios no Brasil. Em 2020, representavam 30,2% da população carcerária; no ano seguinte, esse índice caiu para 28,5%; agora, em 2023, chegou a 25,3%.
Implementada em 2015, as audiências de custódia são elogiadas por Betina Barros, pesquisadora do FBSP. "Elas têm se mostrado eficazes, em alguma medida, na diminuição dos presos provisórios. Além disso, também notamos que estão inseridas num contexto mais amplo de medidas e de um esforço do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de tentar diminuir o percentual de presos provisórios. A cada ano, vemos uma diminuição desse percentual, é uma política que se mostrado eficiente."
"O uso do monitoramento eletrônico", continua Barros, "é outro indicativo que apontamos no anuário, como tentativa de diminuição da população carcerária. Esse ano, são mais de 90 mil pessoas usando aparelhos de monitoramento eletrônico, é o número mais alto já visto". Em 2017, apenas 1% dos presos usavam aparelhos de monitoramento eletrônico; no ano seguinte, 1,5%; em 2019, 2,2%; no ano de 2020, um importante salto para 6,9%; e em 2021, o índice chegou a 9%.
A redução no número de presos provisórios, no entanto, não significou uma diminuição da população carcerária no país. Para a pesquisadora, é possível que o Judiciário esteja mais punitivista.