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Dólar e Real, relação de altos e baixos
Vindo de perdas nas quatro sessões anteriores - ou seja, em todas da semana passada -, o Ibovespa fechou a segunda-feira em recuperação parcial, com alta de 1,36%, aos 116.883,34 pontos, após ter cedido 2,19% ao longo daquele intervalo. Hoje, oscilou dos 115.315,94, da abertura, até os 117.130,81 pontos, na máxima do dia, na hora final dos negócios, com giro financeiro ainda restrito, a R$ 18,5 bilhões, nesta abertura de semana. No mês, o Ibovespa sobe 0,99% e, no ano, avança 6,51%.
Após ter fechado na casa de 115 mil pontos nas duas últimas sessões, o Ibovespa parecia, nos melhores momentos do fim da tarde, a caminho de ponte direta com os 117 mil pontos, nível que prevaleceu nos encerramentos entre 1º e 5 de setembro, nas três primeiras sessões do mês. Entre as ações de maior peso e liquidez, apenas Petrobras ON e PN destoaram nesta segunda-feira, ao fechar em baixa de 0,68% e 0,09%, respectivamente, em dia moderadamente negativo para os preços do petróleo, vindo a commodity de fortes ganhos recentes.
Destaque, por outro lado, para Vale ON, em alta de 1,44% no fechamento - ainda que moderada no fim do dia, o que foi determinante para o encerramento do Ibovespa abaixo dos 117 mil. Desde mais cedo, o apetite pela mineradora foi induzido por perspectiva um pouco mais favorável sobre a economia chinesa, após os dados divulgados no país asiático neste começo de semana O mercado tomou nota também do recado do BC chinês em suporte à moeda local, o yuan. E a inflação deu sinais de leve recuperação em agosto, após os temores recentes associados às primeiras leituras deflacionárias em dois anos no país asiático.
O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) afirmou nesta segunda-feira que o yuan encontrou uma "base sólida", para manter estabilidade no mercado cambial, e se comprometeu a defender a moeda de comportamentos que "perturbem a ordem" do câmbio, ao lado de outros órgãos reguladores chineses.
Em paralelo, dados sobre novas concessões de crédito na segunda maior economia do globo surpreenderam positivamente, vindo acima do esperado, observa em boletim a Monte Bravo Investimentos. "Além disso, o órgão regulador financeiro da China flexibilizou as regras para investimentos de seguradoras no mercado de capitais, enquanto várias cidades também estão removendo restrições às compras de casas", enumera a Monte Bravo.
"Isso acompanha uma série de outras medidas - ainda tímidas, mas que têm sido acompanhadas pelo mercado, aqui e fora - para estimular a economia chinesa, que tem frustrado as expectativas já há algum tempo", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacando a recuperação, hoje, não apenas de Vale ON, ação de maior peso individual no Ibovespa, mas também das ações do setor financeiro, em especial dos grandes bancos (Itaú PN +2,54%, Bradesco PN +1,88%), pelo peso conjunto do segmento sobre o índice de referência da B3.
"O 'efeito China' prevaleceu hoje e o Ibovespa teve um dia de ajuste, com a percepção de que pode haver uma recuperação mais rápida para a economia chinesa, o que ajuda Brasil, refletindo-se em alta da Bolsa e queda do dólar frente ao real na sessão", diz Gabriel Meira, economista e sócio da Valor Investimentos.
"Na quinta-feira, por outro lado, quando foi feriado aqui, a China dava indicação sobre possível regulamentação nos preços do minério, após sequência de recuperação para a commodity, o que afetou a Bolsa no encerramento da semana passada", diz Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, enfatizando também a recuperação nas ações da Vale neste começo de nova semana, com a melhora de percepção sobre a China. Nesta segunda-feira, o minério de ferro fechou em alta de 2,41%, a US$ 115,93 por tonelada, em Dalian, nos contratos para janeiro de 2024.
Na ponta do Ibovespa na sessão de hoje, destaque para Eztec (+5,84%), Pão de Açúcar (+5,23%) e CSN Mineração (+4,04%), com Braskem (-3,19%), Petz (-2,30%) e Marfrig (-1,84%) no lado oposto.
Contribuiu também para o desempenho positivo da Bolsa nesta abertura de semana o enfraquecimento do dólar, que hoje fechou em queda de 1,04%, a R$ 4,9312, após o recente rali observado na moeda americana, destaca em nota a Guide Investimentos.
"No final de semana, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse estar confiante de que a economia americana vai conseguir se livrar da inflação sem grandes perdas em termos de desemprego", acrescenta a casa. A fala de Yellen veio poucos dias antes da divulgação do índice de inflação ao consumidor nos EUA (CPI), na quarta-feira - em semana na qual também serão divulgados importantes indicadores de atividade setorial nos Estados Unidos, como a produção industrial e as vendas do varejo, aponta a Guide.
Juros
Os juros futuros fecharam a segunda-feira em baixa, influenciadas pelo impulso dos ativos no exterior e ajustes de posições antes do IPCA de agosto amanhã. A mediana das estimativas para o dado cheio (0,28%) é considerada relativamente alta para os padrões recentes, o que daria margem a apostas mais otimistas. Além disso, a perspectiva é positiva para o desempenho de alguns preços na abertura, como serviços, aos quais o Banco Central dedica atenção especial. Com isso, a curva doméstica superou a pressão dos Treasuries, amparada ainda no comportamento do dólar, que caiu mais durante à tarde.
No fechamento da sessão, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,495%, de 10,535% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026, taxa de 10,16%, de 10,21% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2027 passava de 10,45% para 10,39%, e a do DI para janeiro de 2029, de 10,96% para 10,91%. O DI para janeiro de 2031 fechou com taxa de 11,19%, na mínima, de 11,25%.
Até o meio da tarde, os juros tinham o desempenho mais tímido entre os ativos domésticos, travados entre o recuo do dólar, o avanço dos rendimentos dos Treasuries e a expectativa pelo IPCA. Em meados da etapa vespertina, porém, passaram a cair, com o mercado tentando se antecipar a uma eventual surpresa do IPCA. O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, lembra que o IPC-S da primeira quadrissemana de agosto e a primeira prévia do IGP-M, divulgados hoje, vieram bastante baixos. Ambos se mantiveram no campo deflacionário, com variações de -0,02% e -0,50%, respectivamente. "O mercado tem uma expectativa de IPCA relativamente alta para amanhã e pode estar se posicionando para um número mais baixo", disse.
Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana é de 0,28%, mais do que o dobro da inflação de julho, de 0,12%. Os principais impactos, dizem os economistas, devem vir do fim do desconto nas tarifas de energia e do reajuste da gasolina no mês passado, mas podem estar sendo superestimados. Para a média dos núcleos, a pesquisa aponta taxa de 0,30% (0,18% em julho). Por outro lado, é esperada ampliação da queda em alimentação no domicílio (-0,72% para -1,08%); preços livres devem ir para o campo negativo (0,00% para -0,06%); e serviços, desacelerar a alta (0,25% para 0,15%).
A dúvida é saber até que ponto o IPCA poderá alterar o cenário de apostas para o Copom. A expectativa de que o ritmo das próximas reuniões deve ser mantido nos atuais 50 pontos-base vem se consolidando, na medida em que as projeções futuras não só pararam de melhorar como vêm piorando, ainda que a conta gotas, nas últimas semanas. No Boletim Focus desta segunda-feira, a mediana de IPCA para 2023 passou de 4,92% para 4,93% e a de 2024, de 3,88% para 3,89%. Para 2025 e 2026, mantiveram-se em 3,50%. Todas elas estão acima das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
"É improvável que o BC venha a alterar o ritmo de queda este ano", diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, acrescentando que o discurso "hawkish" do Federal Reserve e o PIB do segundo trimestre melhor do que o esperado também desautorizam ampliação da dose.
Os vencimentos longos ainda tiveram algum estímulo do ambiente externo para exibir um viés de queda. A melhora na perspectiva para a economia da China, após leitura dos dados de inflação e empréstimos e de medidas do governo, favoreceu commodities metálicas e agrícolas, pressionando o dólar para baixo. Os juros dos bônus no exterior, porém, tiveram alta firme. O rendimento do japonês JGB de 10 anos atingiu o maior nível desde janeiro de 2014, a 0,705%, o que também se refletiu em juros de títulos europeus e americanos.
Dólar
Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar à vista acentuou o ritmo de queda ao longo da tarde em meio a máximas do Ibovespa e, com mínima a R$ 4,9210, encerrou a sessão desta segunda-feira, 11, com perda de 1,04%, cotado a R$ 4,9312. O real se beneficiou da onda de apetite ao risco no exterior, despertada por melhora das expectativas em torno da economia chinesa, o que deu fôlego aos preços de commodities metálicas. As cotações futuras do minério de ferro subiram mais de 2%.
Após deflação de 0,3% em julho (na comparação anual), o índice de preços ao consumidor (CPI) na China subiu 0,1% em agosto, abaixo do esperado pelo mercado (0,2%), mas o suficiente para diminuir temores de uma desaceleração mais abrupta da atividade. Além disso, Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) informou que bancos ampliaram de forma relevante a concessão de empréstimos em agosto e declarou que vai agir para da suporte ao yuan, evitando comportamentos que "perturbem a ordem" do mercado cambial.
Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY trabalhou em baixa firme, operando no fim da tarde ao redor dos 104,500 pontos. Destaque para o fortalecimento do iene, após o presidente do Banco do Japão (BoJ) ter declarado que pode abandonar a política de juros negativos se houver confiança no avanço de preços e salários. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, real, peso mexicano e rand sul-africano experimentaram ganhos superiores a 1% em relação à moeda americana.
"Temos uma melhora de humor com a China, que tem insistido na ampliação de estímulos monetários e ao mercado financeiro para tentar recuperar o país e conter problemas no setor imobiliário. Mas há também a expectativa de que dados americanos desta semana venham melhores por trás desse desempenho dos ativos de risco hoje", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que a agenda nos Estados Unidos é carregada nesta semana, com destaque para o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), na quarta-feira, e o índice de preços ao produto (PPI), na quinta.
Para Galhardo, caso a inflação nos EUA venha abaixo ou em linha com o esperado, reforçando as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) não vai mais subir os juros, pode haver ampliação do apetite ao risco lá fora e, por tabela, nova rodada de valorização dos ativos domésticos. Uma apreciação maior do real, contudo, esbarra ainda em dúvidas sobre cumprimento de metas fiscais domésticas. "Há muitos pontos pendentes, como a reforma tributária, e os projetos para ampliar as receitas do governo para zerar o déficit. Isso pode afastar o investidor estrangeiro", diz Galhardo, que vê o dólar oscilando entre uma banda de R$ 4,80 e R$ 5,00.
Por aqui, as atenções se voltam para a divulgação amanhã do IPCA de agosto, que pode mexer com as expectativas em torno do ritmo de ciclo de redução da taxa Selic, embora o Banco Central tenha sinalizado com cortes da magnitude de 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O Boletim Focus trouxe hoje ligeiro aumento das expectativas para o IPCA deste ano (de 4,92% para 4,93%) e de 2024 (de 3,88% para 3,89%).
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