Girau dO Ponciano
Prefeito é afastado suspeito de 'maquiar' corrupção da gestão anterior
David Barros deverá ficar longe do cargo por 60 dias para não atrapalhar as investigaçõesO prefeito de Girau do Ponciano, David Barros (PTB), foi afastado do cargo por 60 dias suspeito de acobertar crimes de sua gestão anterior nos anos de 2008 a 2012. O afastamento faz parte da Operação Duplicidade, desencadeada nesta terça-feira, 19, pela Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria Regional da República da 5ª Região.
Ele teria fraudado procedimento licitatório e desviado verbas públicas federais no âmbito do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), no município de Girau do Ponciano, no ano de 2012. Ele ainda é suspeito de ocultação e dissimulação da origem ilícita de tais valores, cujas condutas teriam configurado os crimes de fraude à licitação, desvios de recursos públicos federais e lavagem de dinheiro.
A investigação constatou que outros crimes estariam sendo praticados atualmente visando acobertar os ilícitos do passado, com a contratação informal de trabalhadores para execução da obra; o emprego de recursos em desacordo com os planos ou programas a que se destinam; a dispensa ou inexigibilidade de licitação ou não observância da formalidades pertinentes; e a falsidade ideológica em documento público.
Conforme os indícios colhidos durante a investigação, gestores do município de Girau do Ponciano, entre outubro e dezembro de 2012, sob o argumento de que seria necessária a contratação de empresa para a construção de um Centro Escolar no Distrito de Canafístula do Cipriano, teriam fraudado um procedimento licitatório visando unicamente a contratação de empresa inidônea que serviria somente para a emissão de medições fraudulentas e notas fiscais graciosas, as quais foram utilizadas para o vultoso desvio de recursos públicos federais do Fundeb.
Estão sendo cumpridos oito mandados judiciais de busca e apreensão, além do sequestro de bens móveis e imóveis, tais como dinheiro em contas bancárias, veículos, casas, apartamentos e fazendas, visando possibilitar o ressarcimento ao erário público, que foi lesado em, aproximadamente, R$ 2.3 milhões, em valores atualizados.
O afastamento de Barros foi determinado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região de forma a evitar o prejuízo à investigação policial. Estão sendo empregados 40 policiais federais na operação. Em virtude do foro por prerrogativa de função de um dos investigados, o inquérito policial, instaurado na Superintendência Regional da Policia Federal em Alagoas, tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
O nome da operação - Duplicidade - faz alusão à forma de agir dos investigados, na medida em que, de forma repetida, agentes públicos do município de Girau do Ponciano, estariam utilizando recursos públicos para a construção de uma mesma obra, a qual, apesar do vultoso valor já pago à empresa, até o momento não foi concluída.