Ex-esposa de Arthur Lira desafia censura e avisa que vai resistir

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vem censurando as denúncias de sua ex-esposa e candidata a deputada federal Jullyene Lins (MDB-AL). Ele foi acusado de violência doméstica, ameaças, perseguições e alienação parental durante o casamento e após a separação. Lira, no entanto, com seu poder, vem conseguindo sentenças judiciais para tirar do ar as denúncias que Jullyene faz no guia eleitoral e nas redes sociais.

Arthur Lira já disputou uma eleição graças a liminar judicial, e vai disputar a segunda em 2022 com o mesmo artifício jurídico. Ele foi condenado em segunda instância pelo envolvimento na chamada Operação Taturana, quando era deputado estadual em Alagoas.

Uma nova e grave revelação foi feita por Jullyene com exclusividade ao EXTRA. Ela relata – com provas – que desde 2019 pedia socorro ao governo federal para se proteger das ameaças e perseguições de Arthur Lira. Em fevereiro de 2021 foi feita uma reunião com representantes de Brasília e um membro do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público de Alagoas, que havia pedido ajuda ao Ministério de Mulher e Direitos Humanos, então sob o comando da ministra Damares Alves – amiga e correligionária de Arthur Lira.

“Eu e o promotor achamos muito estranha a ajuda que foi oferecida. Eu teria que mudar de nome, seria enviada para algum lugar na Região Norte do país para ficar anônima. Era como ser enterrada viva”, conta. “Lá, nos confins da Amazônia, eu poderia até ser morta, ninguém sabia quem eu era, e tudo que eu venho denunciando ficaria impune”. Jullyene recusou a “ajuda” e resolveu migrar para o interior de Pernambuco, a fim de se proteger.

As propagandas retiradas do ar na atual campanha são parte das várias que Jullyene vem fazendo contra Arthur Lira. Ela foi casada com o parlamentar e o acusou de violência doméstica, alienação parental (perda da guarda dos filhos do casal após a separação), espancamentos, ameaças e perseguições por parte do ex-marido, que segundo ela utiliza-se de seu poder político para intimidá-la e forçá-la a ficar calada.

Mesmo sendo alvo de censura, Jullyene Lins diz que vai continuar com as denúncias contra Arthur Lira. “Quero ajudar outras mulheres vítimas de violência doméstica como eu fui. Nós temos direitos, e eu quero servir de exemplo de resistência em Alagoas”, afirma.

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