Batalhão de choque da PM invade aldeia indígena no MS e age com truculência

A ação policial foi realizada em um contexto já marcado por conflitos na região e levanta sérias preocupações sobre o uso da força contra comunidades indígenas.

De acordo com Flávio Vicente Machado, missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a incursão da polícia em uma área de população tão numerosa, estimada em 15 mil pessoas, foi considerada "um absurdo", principalmente devido à forma como a operação foi conduzida, sem a devida preparação ou diálogo com a comunidade.

Machado destacou ainda que a presença policial tem gerado uma reação organizativa por parte da comunidade local, que continua a resistir apesar de não estar mais ocupando as vias principais, como anteriormente.

O missionário também criticou a maneira como as autoridades estaduais estão lidando com o caso, alertando para o risco de uma tragédia, dada a "falta de preparo" da polícia em lidar com situações em terras indígenas.

Além disso, Machado frisou que a ação viola a legislação federal, já que a rodovia que passa no meio da reserva é de jurisdição do governo federal, não do estadual. A presença da Tropa de Choque, portanto, é considerada ilegal por representantes das comunidades e defensores dos direitos indígenas.

O episódio ocorre em um momento de crescente tensão nas terras indígenas de Dourados, onde disputas fundiárias e a presença de forças de segurança se intensificaram nos últimos meses. Organizações indígenas e movimentos sociais têm denunciado a violência e o desrespeito à autonomia dos povos originários, especialmente em áreas de grande concentração populacional, como a Reserva de Dourados.