Cientistas russos se aproximam da decifração do mistério do surgimento da vida no espaço
Metano (CH4) é uma das moléculas mais comuns no espaço, presente em estado sólido e gasoso em muitas nuvens moleculares, protoestrelas, atmosferas de planetas e outros objetos espaciais. É uma das moléculas carbonáceas mais simples que é considerada um precursor para as moléculas de carbono mais complexas e pode ser uma bioassinatura – a manifestação das consequências da vida, provando cientificamente a existência de vida no passado ou no presente.
Uma equipe de cientistas do Laboratório de Pesquisa em Astroquímica da UrFU determinou pela primeira vez a quantidade de metano em gás e na superfície da poeira na região jovem de formação estelar IRAS 23385 6053. Esta é uma região massiva (cerca de 220 massas do Sol) embutida na nuvem molecular hospedeira.
Graças ao lançamento do novo Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), a qualidade dos espectros infravermelhos obtidos das regiões de formação estelar aumentou significativamente e permitiu estudar a composição do gelo interestelar e gás interestelar simultaneamente com alta precisão.
"Para analisar os espectros da protoestrela IRAS 23385 6053 recebidos pelo JWST foi utilizado o aparelho ISEAge da UrFU que permite cultivar e estudar os análogos do gelo espacial em condições de vácuo ultra-alto e temperaturas ultrabaixas", cita o comunicado do Ministério da Ciência da Rússia um dos autores do artigo, o pesquisador do laboratório da UrFU Ruslan Nakibov.
Os cientistas da referida universidade analisaram pela primeira vez simultaneamente a composição da poeira interestelar e do gás interestelar. Eles descobriram quanto metano há na poeira em forma de gelo, e quanto no gás interestelar, determinando que o metano pode estar na superfície de uma partícula de poeira rodeado por água e dióxido de carbono, com cerca de 15% de todo o metano no objeto estando no gás.
Na opinião dos pesquisadores, os dados obtidos ajudam a determinar os mecanismos de formação de metano em nuvens interestelares, porque a proporção de metano no gás e no gelo depende de como ele foi formado.
O objeto observado IRAS 23385 6053 tem suscitado grande interesse dos astrônomos. É uma área de formação estelar jovem com grande massa e estrutura complexa composta por seis núcleos densos, duas estrelas jovens localizadas próximas uma da outra e três feixes moleculares de alta velocidade. Ele consiste de gás e poeira relativamente frios (-223 °C), bem como gás quente (+127 °C).
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica The Astrophysical Journal Letters.
Por Sputinik Brasil