BATALHA
Vereador preso com arma é réu no caso de Neguinho Boiadeiro
Alex Sandro Rocha Pinto chegou a ser preso em 2018 por envolvimento no homicídio
O vereador Alex Sandro Rocha Pinto, conhecido popularmente como Sandro Pinto, de Batalha, está novamente no centro das atenções após sua recente prisão na última terça-feira, 19. O político foi detido em um veículo que apresentava registro de furto ou roubo, levantando novas questões sobre seu histórico conturbado com a polícia e seu envolvimento em casos judiciais sensíveis, como a morte de Neguinho Boiadeiro.
Sandro Pinto é réu no processo relacionado ao assassinato do vereador ocorrido em 2017. Boiadeiro foi brutalmente morto a tiros em frente à Câmara Municipal de Batalha, e Sandro Pinto foi identificado como um dos suspeitos envolvidos no crime. A Polícia Civil, no entanto, nunca revelou publicamente como teria se dado a participação de Sandro e o processo de número 0000209-78.2018.8.02.0204 tramita em segredo de Justiça desde 2018.
Em 2018, durante uma operação policial, Sandro Pinto chegou a ser preso como parte das investigações sobre o assassinato de Neguinho, assim como seu sobrinho Rafael Pinto e Maikel dos Santos — esses dois últimos foram indiciados por autoria material do crime. Sandro ganhou liberdade provisória um mês depois da operação que resultou em sua prisão.
Uma das principais defesas de Sandro é o argumento de que foi injustamente associado ao crime. Ele alega que momentos antes do assassinato, durante uma sessão da Câmara Municipal, mencionou que ligaria para Neguinho Boiadeiro. No entanto, as investigações revelaram que não houve qualquer ligação telefônica entre os dois, conforme demonstrado pela quebra do sigilo telefônico.
“Fui usado como bode expiatório da Polícia Civil que estava com pressa para concluir a investigação”, acusou o vereador Sandro Pinto, durante entrevista concedida ao EXTRA à época dos fatos. “Me associaram ao crime só porque falei, durante sessão da Câmara, que ligaria para Neguinho Boiadeiro. Disse isso minutos antes do assassinato”, continuou.
“Eu estava almoçando quando chegou a notícia de um tiroteio na Câmara. Algumas horas depois precisei viajar para Major Izidoro para resolver alguns problemas. Só por causa dessa minha viagem me associaram ao assassinato. Acharam que eu estava fugindo”, disse. Vale ressaltar que a família de Neguinho Boiadeiro chegou a acusar a Família Dantas — do governador Paulo Dantas — como mandante do crime devido ao histórico violento entre as partes, mas nenhuma prova foi apresentada.
Além do caso do assassinato de Neguinho Boiadeiro, Sandro Pinto também enfrentou problemas legais em outras ocasiões. Em 2020, ele foi detido após ser flagrado com armas de fogo e munições em um bar na cidade de Batalha. Na época, ele afirmou ser o legítimo proprietário das armas e possuir o porte legal para as mesmas.
A mais recente prisão de Sandro Pinto, na última terça-feira, 19, ocorreu devido à sua associação com um veículo com registro de furto ou roubo. Apesar de ter sido detido, ele teve sua liberdade provisória concedida no dia seguinte, mediante o pagamento de fiança e o cumprimento de medidas cautelares estabelecidas pela justiça.
Essas medidas incluem o comparecimento periódico em juízo para informar e justificar suas atividades, além da proibição de ausentar-se da comarca sem autorização prévia. O descumprimento dessas medidas pode resultar em sua prisão preventiva, destacando a seriedade das acusações e o rigor das autoridades judiciais.
MORTE DE NEGUINHO BOIADEIRO
O vereador de Batalha Adelmo Rodrigues de Melo, 61, mais conhecido como Neguinho Boiadeiro (PSD), foi assassinado a tiros no começo da tarde do dia 9 de novembro de 2017. Boiadeiro tinha acabado de sair da Câmara quando foi alvejado pelos criminosos. O segurança do vereador, Joaquim Pirauá, 54, foi ferido e encaminhado para uma unidade hospitalar em Arapiraca e sobreviveu.
O pecuarista José Emílio Dantas, conhecido como Zé Emílio, 48, também foi baleado na mesma tarde. A tentativa de assassinato do pecuarista foi de autoria do filho de Neguinho, o Pretinho Boiadeiro, por motivo de vingança após a morte do pai.
Testemunhas afirmam que Pretinho teria invadido a casa de José Emílio e atirado nele. Emílio é filho de Zé Miguel, como era conhecido José Rodrigues Dantas, ex-prefeito de Batalha assassinado em março de 1999.
À época, uma investigação do caso apontou Laércio Boiadeiro, irmão de Neguinho, como mandante do assassinato de Zé Miguel e pelo qual foi condenado a cumprir pena de 35 anos durante julgamento realizado em junho de 2012. Baixinho e Pretinho Boiadeiro foram condenados em 2019 a mais de 100 anos de prisão por ‘guerra de clãs’.