Conteúdo do impresso Edição 1259

18 ANOS DE ESPERA

Família cobra perícia em terreno para destravar processo judicial contra Casal

Residência desmoronou por alagamento do terreno e provocou a morte do patriarca
Por JOSÉ FERNANDO MARTINS 30/03/2024 - 06:00

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Registros do desabamento feitos pela família
Registros do desabamento feitos pela família

O pintor Paulo José da Silva, residente na Cidade Universitária, em Maceió, travou uma batalha de 18 anos por justiça desde a noite de 29 de agosto de 2006, quando sua família foi atingida por uma tragédia. Naquela ocasião, seu pai, José Manuel da Silva, de 63 anos, foi vítima do desabamento da própria residência, localizada na Vila Emater, em Jacarecica. O incidente resultou na morte imediata do patriarca e no soterramento de outras oito pessoas, incluindo irmãos e a mãe de Paulo José, que foram resgatados dos escombros. 

De acordo com o pintor, o desmoronamento foi provocado pelo rompimento de uma tubulação de grande porte instalada pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) nos fundos da casa de seu pai. “O cano estourou e começou a inundar o solo do terreno. Foi quando a casa desabou, formando uma grande cratera”, relatou. Inicialmente, a família obteve uma decisão favorável da Justiça, mas recorreu, argumentando que a indenização concedida não cobria nem os danos materiais. 

“O valor era insuficiente para reconstruir a casa e repor os pertences perdidos”, lamentou. “Sei que o dinheiro não irá trazer meu pai de volta, que vida não se compra. Mas o dinheiro oferecido para a gente não dava para nada”. Ao buscar por um novo veredicto, a situação tornou-se uma novela sem fim. “Agora estão exigindo uma nova perícia para emitir outra sentença, porém essa perícia nunca ocorre”, desabafou. No decorrer dessa luta por justiça, o pintor também enfrentou a perda de sua mãe, que, segundo ele, faleceu devido ao sofrimento causado pela tragédia e pelo desenrolar do processo judicial. 

O processo, de número 0050916-63.2007.8.02.0001, está sob a responsabilidade do juiz Antonio Emanuel Dória Ferreira, na 14ª Vara Cível da Capital/Fazenda Municipal. Contudo, a família enfrenta dificuldades adicionais, uma vez que o terreno onde ocorreu o desabamento está atualmente ocupado por outras residências, tornando o acesso à área impossível. “Perdemos tudo”, lamentou. Paulo José também destaca que o desabamento não ocorreu durante uma tempestade, refutando a afirmação da Defesa Civil na época. “Disseram que foi devido à chuva, mas é mentira. Não choveu naquele dia. Tenho provas disso”, enfatizou.

Ao EXTRA, A Companhia de Saneamento de Alagoas informou que o referido processo está em andamento, aguardando perícia conforme decisão judicial. “A Casal irá se pronunciar somente após trânsito em julgado”, finalizou.


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