Conteúdo do impresso Edição 1271

ELEIÇÕES

Isolada, extrema direita vai tentar reeleger Leonardo Dias

Vereador lança reeleição sem presença de JHC e esbarra em políticos profissionais
Por ODILON RIOS 22/06/2024 - 06:00

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Assessoria
Leonardo Dias (de coletete) conta com apoio dos Bolsonaro para se reeleger vereador
Leonardo Dias (de coletete) conta com apoio dos Bolsonaro para se reeleger vereador

A extrema direita amarga dias muito difíceis em Alagoas. Isolada apenas em Maceió, disputando vagas com políticos profissionais na Câmara de Vereadores da capital e quase sem chance de indicar o vice-prefeito, o melhor horizonte deste grupo que ganhou força a partir de Jair Bolsonaro (PL) é apostar na reeleição do prefeito JHC (PL). Ou melhor: nos cargos sob indicação política, em caso de derrota.

O mais extremista dos bolsonaristas alagoanos é o vereador Leonardo Dias (PL). Lançado no último final de semana à reeleição, Dias não contou com a presença de JHC, de quem já foi crítico e hoje é o mais fiel dos aliados. Mas estavam lá: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), o apagado deputado federal Fábio Costa (PP) e o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, cuja influência político-eleitoral é restrita à cidade de Maragogi, onde tem negócios e costuma ser anfitrião dos Bolsonaro.

“Ele abriu mão duas vezes de um mandato de deputado para ser um escudo do presidente Bolsonaro em Alagoas. Ele tem um grande trabalho prestado para os conservadores. Pode contar comigo, você tem um irmão chamado Gilson e outro chamado Jair Bolsonaro”, disse Machado.

“Essa história não aconteceu ontem. Há muito tempo isso tem sido construído. Ele veio das ruas e continuou com a gente mesmo após a derrota de 2022. Isso é uma prova de lealdade”, afirmou Eduardo Bolsonaro.

“Leonardo Dias é um homem que tem trabalhado pelo nosso amado Nordeste. Que Deus te cubra de bênçãos”, disse a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) que mandou participação em vídeo. “Agradeço o trabalho de 2022 que fez de Maceió a capital do Nordeste onde Bolsonaro venceu. Leonardo Dias assumiu um trabalho para o Brasil acima de qualquer cargo político”, falou Valdemar da Costa Neto, o polêmico chefão do PL.

A estratégia para atrair a direita mais radical é manjada: lotar ônibus com algumas pessoas em troca de agrados e formar número na plateia. Lógico que também os planos de uso das redes sociais são importantes. Leo Dias tem 138 mil seguidores no Instagram, uma das principais formas de comunicação do bolsonarismo. Fotos do ex-presidente lotam seu perfil; transformar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um gestor desastroso é uma prioridade.

Leonardo Dias precisa fidelizar seus eleitores e buscar novos, porque disputa espaço com Caio Bebeto e Carlos Mendonça, ambos do PL, e herdeiros políticos do deputado Cabo Bebeto (PL) – com dois mandatos na Assembleia – e do deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil). Ele também briga por espaço com o suplente de vereador Doutor Cleber, antes do PSB e agora no PL, que ocupou a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de Maceió. No início do ano, o vereador tratou Cleber como “centro-esquerda”.

PAUTAS NÃO ANDAM

Apesar do barulho nas redes, Leonardo Dias é tratado como um vereador sem articulação na Câmara. E nem consegue aprovar projetos de destaque. Outros são tão confusos que não ganham adesão nem dos simpatizantes do bolsonarismo. Tentou, sem sucesso, obrigar a Prefeitura de Maceió a pagar um voucher em creches privadas para alunos da rede municipal. Só que o projeto gerava uma despesa gigantesca fora da programação e não resolveria o problema da falta de vagas públicas, além de dificuldades de fiscalização. O projeto não especificava os gastos de vestuário, alimentação e transporte destas crianças nem quantas creches públicas seriam construídas para zerar a fila por vagas – já que o voucher era uma ação pontual para resolver um problema específico: estimativa do município aponta que 50 mil crianças estão fora da sala de aula.

Ele também tentou derrubar uma lei municipal que proibia alterar nomes de ruas e praças, abrindo um debate para que a Câmara trocasse homenagens a Zumbi e a Dandara por santos católicos, como aconteceu com uma praça no bairro da Jatiúca. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara derrubou a intenção.

Sua ação política mais expressiva foi na pandemia, quando foi acusado pelo prefeito de fechar um dos locais de vacinação, instalado no estacionamento de Jaraguá, a favor de Bolsonaro, pelo fechamento do Supremo Tribunal Federal e a favor de intervenção militar. Em reação, o prefeito chamou o vereador de arruaceiro e agitador.


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