ELEIÇÕES
PT perde em todas as capitais do Nordeste
Pesquisas recentes mostram perda de espaço da sigla em redutos históricosAs eleições municipais deste ano podem revelar resultados surpreendentes no Nordeste, com o PT podendo enfrentar derrotas em todas as capitais da região. O possível resultado — revelado pelos institutos de pesquisa — mostra uma mudança significativa no panorama político, tradicionalmente favorável ao partido. As novas dificuldades para o PT em redutos históricos e o enfraquecimento do bolsonarismo em outras capitais também marcam um cenário de incertezas para os próximos anos.
Em Maceió, considerada a capital nordestina com o maior reduto bolsonarista, JHC aparece com 54,4% dos votos, seguido por Alfredo Gaspar (14,9%); Davi Davino Filho (11,8%); Rafael Brito (3,8%); Lobão (2,2%) e Ricardo Barbosa (0,9%). Não responderam 5,3% dos entrevistados e 6,8% disseram “nenhum” na pesquisa divulgada na última quartafeira, 26, pelo Instituto Paraná Pesquisas. O candidato do PT, Ricardo Barbosa, não alcança nem 1% das intenções.
No segundo cenário estimulado, com os nomes de JHC, Davi Davino, Rafael, Lobão e Ricardo Barbosa, os números foram ainda mais favoráveis para o prefeito, que obteve 62,4% das intenções de votos, contra 15,7% de Davi Davino; Rafael Brito (5,1%); Lobão (2,5%); e Ricardo (1,2%). Não sabe (5,7%) e nenhum (7,4%).
Vale ressaltar que, no contexto das eleições presidenciais, há quase dois anos, Maceió foi a única capital nordestina onde Bolsonaro superou Lula, com 57,18% dos votos contra 42,82%. Na época, a situação foi diferente nas outras oito capitais da região. Salvador foi a capital que mais deu votos a Lula (1.089.899).
Ao EXTRA, a cientista política Luciana Santana explica que, historicamente, o PT não consegue um bom desempenho na capital maceioense e, no momento, isso se reflete nas demais. “No Brasil em si o PT tem poucas capitais com candidaturas competitivas. No Nordeste em específico temos algumas composições com o PT, mas mais como apoiador, como com o PSB, em Recife”, explica.
Ainda segundo Luciana, “o PT neste ano de eleição municipal está tentando voltar a ter um protagonismo que ele perdeu nos últimos 20 anos, mas como apoiador e não como principal opção. A expectativa é que esse ano volte a crescer, mas mais pelo interior e não nas capitais, devido também a polarização com o bolsonarismo”.
Outras capitais
Em Teresina, a capital do Piauí, o deputado estadual Fábio Novo (PT) lidera a disputa com 41,78% das intenções de voto, mas está tecnicamente empatado com o ex-prefeito Silvio Mendes (UB), que possui 41,14%, segundo a pesquisa do Instituto Datamax de 14 de junho.
Natal, capital do Rio Grande do Norte, apresenta um cenário desfavorável para o PT. A deputada federal Natália Bonavides (PT) tem 12,3% das intenções de voto, muito atrás do atual prefeito Carlos Eduardo (PSD), que lidera com 43,69%, conforme pesquisa do Instituto Agorasei de 30 de abril.
Em Salvador, o atual prefeito Bruno Reis (UB) deve ser reeleito com 64% das intenções de voto, segundo pesquisa da Paraná Pesquisas realizada em 4 de junho. Seu principal adversário, Geraldo Júnior (MDB), possui apenas 11%. A capital baiana, que deu expressiva votação a Lula nas eleições presidenciais, mantém sua tendência de apoio ao grupo político local.
Recife, capital de Pernambuco, também segue com tendência de reeleição do prefeito João Campos (PSB), que possui 57% das intenções de voto, de acordo com a Atlasintel em pesquisa de 26 de abril. O candidato bolsonarista Gilson Machado (PL) está com 21%, indicando uma disputa menos acirrada do que em outras capitais.
Fortaleza, no Ceará, apresenta um desafio para o grupo de Ciro Gomes. O prefeito José Sarto (PDT) possui 20% das intenções de voto, atrás do ex-deputado federal Capitão Wagner (UB), alinhado com Bolsonaro, que lidera com 33%, segundo a AtlasIntel. Este cenário mostra a força do bolsonarismo na capital cearense.
Em Aracaju, capital de Sergipe, a vereadora Emília Correa (PL), apoiada por Bolsonaro, lidera com 26% das intenções de voto. A deputada federal Yara Moura (MDB) aparece com 13%, de acordo com a pesquisa Real Time BigData de 11 de junho. A capital sergipana, portanto, segue a tendência de outras cidades nordestinas com influência bolsonarista.