Conteúdo do impresso Edição 1276

PROGRESSO SOCIAL

Alagoas ocupa a penúltima posição no Nordeste

Estado não avança em função do fraco desempenho dos municípios em qualidade de vida
Por TAMARA ALBUQUERQUE 27/07/2024 - 06:00
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REPRODUÇÃO
Estado não avança em função do fraco desempenho dos municípios em qualidade de vida
Estado não avança em função do fraco desempenho dos municípios em qualidade de vida

Alagoas tem fraco desempenho social em relação aos demais estados brasileiros, de acordo com um conjunto de indicadores coletados em seus 102 municípios que mede o avanço da qualidade de vida da população. Nem mesmo Maceió apresenta avanços socioambientais robustos o suficiente para alterar a posição desconfortável em relação a outras capitais, pois ocupa o 25º lugar da lista que mede o progresso social entre as 27 do país. Os indicadores do município só mostram avanço quando comparados a Macapá, no Amapá, e Porto Velho, em Rondônia.

Este cenário é revelado pelo Índice de Progresso Social (IPS Global), um levantamento feito pela organização Social Progress Imperative num trabalho realizado no Brasil e em outros 169 países desde 2014. Divulgado recentemente, o IPS Brasil mostra que no Nordeste, Alagoas ocupa o 8º lugar na soma geral dos indicadores. Mostra ainda que nenhum município alagoano está entre os 20 melhores do país, mas também não está entre os 20 piores.

O IPS Brasil surgiu para complementar medidas de desenvolvimento, entendendo que o crescimento econômico sem progresso social pode resultar em degradação ambiental, aumento da desigualdade e conflitos sociais. O índice mede diretamente resultados finalísticos e tem sido usado pelos gestores comprometidos com o bem-estar social para o planejamento, avaliação e aperfeiçoamento de projetos, programas e políticas públicas.

LEVANTAMENTO ABRANGE TODOS OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

O levantamento do IPS Brasil é realizado em todos os 5.570 municípios. O IPS varia de 0 (pior) a 100 (melhor) e corresponde à média simples dos resultados em três dimensões: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades. Dentro dessas dimensões, são avaliados vários aspectos, como saúde e bem-estar, inclusão social, acesso ao ensino superior, segurança individual e qualidade do meio ambiente, entre outros.

No quadro geral, o IPS Brasil 2024 atingiu uma pontuação média de 61,83 para todo o país. Entre as dimensões, Necessidades Humanas Básicas alcançou pontuação 73,58, Fundamentos do Bem-estar atingiu 67,10 e Oportunidades obteve apenas 44,83. Alagoas recebeu a pontuação 57,42 em desempenho social, abaixo da média nacional.

No Nordeste, o estado ocupa o 8º lugar, estando com desempenho melhor somente em relação ao Maranhão (55,72). Na região, o estado que apresenta melhores condições socioambientais é Sergipe (61,20), seguido pela Paraíba (60,11), Ceará (59,71), Rio Grande do Norte (59,22), Pernambuco (59,22), Piauí (59,30) e Bahia (57,85).

MACEIÓ É RUIM EM SANEAMENTO, MAS SE DESTACA EM DIREITOS INDIVIDUAIS

No resultado do IPS Brasil para as capitais, Maceió somou 62,37 pontos, ficando entre as classificadas com desempenho relativamente neutro (nem bom, nem ruim), assim como Belém (PA), Boa Vista (RO) e Rio Branco (AC). Porém, quando comparada às demais capitais da Região Nordeste, a cidade planejada para os turistas revela desempenho fraco, quase em última posição nos indicadores de progresso social.

Maceió é o pior município do Nordeste (9º lugar) quando o assunto é oferta de água e saneamento e também em saúde e bem-estar; ocupa o penúltimo lugar (8º) em relação ao acesso à informação e comunicação e em liberdades individuais; está em 7º lugar em qualidade do meio ambiente e em moradia; em 6º lugar em acesso a conhecimento básico, inclusão social, acesso à educação superior; 5º lugar no indicador nutrição e cuidados médicos básicos.

O indicador com melhor desempenho na capital alagoana é direitos individuais (2º lugar) e segurança pessoal (3º lugar).

O IPS Brasil lembra que os municípios brasileiros repartem competências com as esferas estaduais e o governo federal. É a menor unidade administrativa, a qual possui autonomia política, de gestão e financeira. A esfera municipal possui competências importantes como saneamento básico, pavimentação e sinalização de vias e de toda a estrutura viária, criação e conservação de praças e arborização, transporte urbano e iluminação pública. Também reparte com outras esferas federativas (estados e o governo federal) os serviços de educação, saúde e meio ambiente.

Em termos gerais, as capitais apresentaram notas relativamente melhores no IPS, com exceção de Porto Velho (RO) e Macapá (AP). As cinco melhores capitais foram Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Florianópolis e Curitiba, mas houve variação de desempenho entre elas. Curitiba (PR) liderou em água e saneamento e também em qualidade do meio ambiente. No componente acesso ao conhecimento básico, os destaques foram Palmas (TO) e Goiânia (GO). Por sua vez, em acesso à informação e comunicação, a liderança ficou com Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS). Em acesso à educação superior, o primeiro lugar ficou com Belo Horizonte (MG). Manaus (AM) liderou em inclusão social e Recife (PE) também obteve uma nota melhor, enquanto São Paulo (SP) apresentou o pior resultado neste componente. Em segurança pessoal, a situação foi mais crítica em Manaus (AM) e Aracaju (SE).

Arapiraca e Rio Largo ganham da capital em inclusão social

Os dois maiores municípios de Alagoas, Maceió e Arapiraca, aparecem no IPS Brasil nas mesmas condições: com pontuação que os classifica como neutros (nem bom/nem ruins) em relação ao progresso social. Maceió, sendo a capital, soma 62,37 pontos (na escala de 0 a 100) e Arapiraca, a segunda maior cidade alagoana, soma 57,43 pontos.

O município do Agreste, que tem um PIB per capita de R$ 25.390,82 (por habitante/2021), apresenta melhor desempenho que a capital alagoana em seis indicadores: 1) nutrição e serviços médicos (72,45 pontos), 2) moradia (92,36 pontos), 3) acesso ao conhecimento básico (70,41), 4) saúde e bem-estar (56,46), 5) qualidade do meio ambiente (72,31) e 6) inclusão social.

Já Maceió, com PIB per capita de R$ 28.900,92 (2021), comparado com Arapiraca, tem melhor desempenho nos indicadores: água e saneamento (66,95 pontos), 2) segurança pessoal (41,51), 3) acesso à informação e comunicação (73,78), 4) direitos individuais (60,51), 5) liberdade individual e de escolhas (56,59) e 6) acesso à educação superior (67,84).

O EXTRA também comparou a pontuação que define progresso social em Maceió com os números do município de Marechal Deodoro. Neste caso, o município que tem o PIB per capita maior que Maceió, de R$ 56.888,72 (2021), aparece com desempenho avaliado como relativamente fraco (55,77) no IPS Brasil. Em relação à capital, apresenta, no entanto, notas melhores nos indicadores água e saneamento, moradia, inclusão social e segurança pessoal.

O município de Rio Largo tem pontuação geral de 55,67 e é classificado como neutro em progresso social. Com um PIB per capita de R$ 15.259,68, em relação a Maceió o desempenho do município é melhor nos indicadores moradia, qualidade do meio ambiente e inclusão social.

A comparação entre a pontuação de Maceió e Barra de São Miguel, cujo PIB per capita é de R$ 30.233,07, um dos maiores do estado, revela que a cidade turística no Litoral Sul tem maior progresso social que a capital nos indicadores nutrição e cuidados médicos básicos, água e saneamento, moradia e qualidade do meio ambiente. O pior indicador da Barra de São Miguel é segurança pessoal, o que coloca em risco a vocação natural da cidade para o turismo.

O município de União dos Palmares, apesar de classificar com desempenho neutro em relação ao progresso social (pontuação 54,94), apresenta melhores indicadores que Maceió em relação a água e saneamento, moradia, segurança pública, acesso ao conhecimento básico, qualidade do meio ambiente e inclusão social. O município com PIB per capita de R$ 24.061,54 (2021) tem como maior ponto negativo, em relação a Maceió, o acesso ao ensino superior.



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