DIREITA REFORÇADA
Perfil ideológico da Câmara de Maceió se fortalece com suplente bolsonarista
Possível entrada de Caio Bebeto ainda sem data definida aumenta força do PL na casa
A possível entrada de Caio Bebeto (PL) na Câmara de Maceió pode reforçar ainda mais o perfil conservador da Casa. Conhecida por sua maioria de direita, a Câmara pode ganhar um nome assumidamente bolsonarista, diferente de Siderlane Mendonça (PL), que costumava adotar discursos mais moderados e adaptáveis ao clima político do momento.
Enquanto Siderlane buscava equilibrar discursos para ampliar seu alcance eleitoral, Caio Bebeto segue linha semelhante à do pai, o deputado estadual Cabo Bebeto (PL), conhecido pela postura ideológica firme. Ambos se identificam com pautas de direita, com forte alinhamento ao bolsonarismo.
Um pequeno recorte do alinhamento político da Câmara é o fato de, apenas nos três primeiros meses de 2025, a Casa ter aprovado cinco novas comendas religiosas, todas ligadas à valorização de figuras e ações católicas. As homenagens vão desde atuação em missões e evangelização, até contribuições na música religiosa, na educação católica e na promoção da dignidade humana em hospitais e presídios.
A composição atual da Câmara de Maceió é majoritariamente formada por partidos de direita e centro-direita. O Partido Liberal (PL) detém a maior bancada, com 11 vereadores, e lidera o cenário político da Casa, que também conta com o protagonismo de outras siglas alinhadas ao campo conservador.
Na última segunda-feira, 28, Caio Bebeto protocolou pedido de posse como vereador, após o afastamento de Siderlane Mendonça. Ele argumenta que a decisão da Justiça Eleitoral, ainda que provisória, gera vacância no cargo, o que exigiria a convocação imediata do suplente.
Segundo Caio, a ausência de um parlamentar prejudica as atividades da Casa. No requerimento, afirmou que sua posse seria necessária para garantir a continuidade das funções legislativas e administrativas, assegurando o pleno funcionamento do colegiado.
Contudo, a presidência da Câmara de Maceió respondeu que a decisão judicial não implica posse imediata do suplente. De acordo com o Regimento Interno, o vereador afastado pode ficar fora do cargo por até 120 dias sem convocação do substituto. A nota oficial afirma ainda que a Mesa Diretora seguirá o regimento e a decisão judicial.
Dessa forma, o pedido de Caio não será atendido de imediato, até que haja nova determinação ou o prazo previsto se esgote. “De acordo com o Regimento Interno, o vereador afastado pode permanecer até 120 dias fora do exercício do mandato sem necessidade de convocação do suplente. Dessa forma, a Mesa Diretora seguirá a decisão judicial e o regramento da Casa, não efetivando a posse neste momento”, diz nota publicada pela Câmara de Maceió.
O afastamento de Siderlane ocorreu na sexta-feira, 25, após a deflagração da Operação Falácia, da Polícia Federal por determinação da Justiça Eleitoral. A investigação apura corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e crimes eleitorais em Maceió e Rio Largo.
Nos bastidores, o caso se tornou um embate jurídico discreto. Há divergências sobre a interpretação das regras internas e do alcance da decisão da Justiça Eleitoral, o que tem alimentado discussões entre parlamentares e membros da Mesa Diretora.
A portaria nº 0775/2025, publicada no Diário Oficial do Município, formalizou o afastamento de Siderlane e de seus assessores. Eles estão proibidos de acessar a Câmara e de manter qualquer tipo de contato com servidores da Casa Legislativa.
A determinação judicial que embasou a medida foi expedida pela 1ª Zona Eleitoral de Maceió. O conteúdo está sob sigilo, mas envolve suspeitas de uso irregular do cargo e dos recursos vinculados ao gabinete do parlamentar visando sua reeleição nas eleições de 2020.
Siderlane comentou a situação nas redes sociais, afirmando que desconhece os motivos exatos da operação. “Todos os fatos serão apurados, já que, até então eu não sei do que se trata”, declarou. A defesa do vereador ainda não se pronunciou publicamente.