Conteúdo do impresso Edição 1313

DIREITA REFORÇADA

Perfil ideológico da Câmara de Maceió se fortalece com suplente bolsonarista

Possível entrada de Caio Bebeto ainda sem data definida aumenta força do PL na casa
Por Bruno Fernandes 05/05/2025 - 06:00
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Reprodução/instagram
Caio Bebeto é grande admirador de Bolsonaro
Caio Bebeto é grande admirador de Bolsonaro

A possível entrada de Caio Bebeto (PL) na Câmara de Maceió pode reforçar ainda mais o perfil conservador da Casa. Conhecida por sua maioria de direita, a Câmara pode ganhar um nome assumidamente bolsonarista, diferente de Siderlane Mendonça (PL), que costumava adotar discursos mais moderados e adaptáveis ao clima político do momento.

Enquanto Siderlane buscava equilibrar discursos para ampliar seu alcance eleitoral, Caio Bebeto segue linha semelhante à do pai, o deputado estadual Cabo Bebeto (PL), conhecido pela postura ideológica firme. Ambos se identificam com pautas de direita, com forte alinhamento ao bolsonarismo.

Um pequeno recorte do alinhamento político da Câmara é o fato de, apenas nos três primeiros meses de 2025, a Casa ter aprovado cinco novas comendas religiosas, todas ligadas à valorização de figuras e ações católicas. As homenagens vão desde atuação em missões e evangelização, até contribuições na música religiosa, na educação católica e na promoção da dignidade humana em hospitais e presídios.

A composição atual da Câmara de Maceió é majoritariamente formada por partidos de direita e centro-direita. O Partido Liberal (PL) detém a maior bancada, com 11 vereadores, e lidera o cenário político da Casa, que também conta com o protagonismo de outras siglas alinhadas ao campo conservador.

Na última segunda-feira, 28, Caio Bebeto protocolou pedido de posse como vereador, após o afastamento de Siderlane Mendonça. Ele argumenta que a decisão da Justiça Eleitoral, ainda que provisória, gera vacância no cargo, o que exigiria a convocação imediata do suplente.

Segundo Caio, a ausência de um parlamentar prejudica as atividades da Casa. No requerimento, afirmou que sua posse seria necessária para garantir a continuidade das funções legislativas e administrativas, assegurando o pleno funcionamento do colegiado.

Contudo, a presidência da Câmara de Maceió respondeu que a decisão judicial não implica posse imediata do suplente. De acordo com o Regimento Interno, o vereador afastado pode ficar fora do cargo por até 120 dias sem convocação do substituto. A nota oficial afirma ainda que a Mesa Diretora seguirá o regimento e a decisão judicial.

Dessa forma, o pedido de Caio não será atendido de imediato, até que haja nova determinação ou o prazo previsto se esgote. “De acordo com o Regimento Interno, o vereador afastado pode permanecer até 120 dias fora do exercício do mandato sem necessidade de convocação do suplente. Dessa forma, a Mesa Diretora seguirá a decisão judicial e o regramento da Casa, não efetivando a posse neste momento”, diz nota publicada pela Câmara de Maceió.

O afastamento de Siderlane ocorreu na sexta-feira, 25, após a deflagração da Operação Falácia, da Polícia Federal por determinação da Justiça Eleitoral. A investigação apura corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e crimes eleitorais em Maceió e Rio Largo.

Nos bastidores, o caso se tornou um embate jurídico discreto. Há divergências sobre a interpretação das regras internas e do alcance da decisão da Justiça Eleitoral, o que tem alimentado discussões entre parlamentares e membros da Mesa Diretora.

A portaria nº 0775/2025, publicada no Diário Oficial do Município, formalizou o afastamento de Siderlane e de seus assessores. Eles estão proibidos de acessar a Câmara e de manter qualquer tipo de contato com servidores da Casa Legislativa.

A determinação judicial que embasou a medida foi expedida pela 1ª Zona Eleitoral de Maceió. O conteúdo está sob sigilo, mas envolve suspeitas de uso irregular do cargo e dos recursos vinculados ao gabinete do parlamentar visando sua reeleição nas eleições de 2020.

Siderlane comentou a situação nas redes sociais, afirmando que desconhece os motivos exatos da operação. “Todos os fatos serão apurados, já que, até então eu não sei do que se trata”, declarou. A defesa do vereador ainda não se pronunciou publicamente.


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