matou dois filhos

"Mãe tinha consciência do que fazia", diz peritos

“Foi um ato realizado com organização e inteligência”, disse psiquiatra
Por Redação com TJ-AL 19/03/2018 - 14:15

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Arlene Régis dos Santos está sendo julgada no Fórum da Capital. Foto: Caio Loureiro
Arlene Régis dos Santos está sendo julgada no Fórum da Capital. Foto: Caio Loureiro

A 8ª Vara Criminal de Maceió conduz o júri popular de Arlene Régis dos Santos, nesta segunda-feira (19), no Fórum da Capital. O juiz John Silas da Silva estima que o julgamento seja concluído hoje de noite. Durante a manhã, foram ouvidas três testemunhas, um psicólogo e um psiquiatra, como peritos. A ré preferiu ficar em silêncio.

Arlene dos Santos é acusada de matar os filhos Antony Pedro Santos Nobre, de 7 anos, e Abelardo Pedro Neto, de 12 anos, em 2009. O Ministério Público afirma que o motivo do crime foi vingança contra o ex-marido, Abelardo Pedro Nobre Júnior, por ter terminado o relacionamento. 

O psiquiatra Ronaldo Lopes, que atuou como perito do caso, esclareceu que a ré demonstrou total capacidade de entendimento da reprovabilidade do seu ato, no entanto possuía uma capacidade de autodeterminação reduzida, mas não ausente. O transtorno de personalidade borderline que acomete Arlene, explicou Ronaldo, fica no campo da perturbação mental, não se caracterizando como uma doença mental.

“O portador de transtorno borderline tem tendência a agir sem levar em consideração as consequências de seus atos. Está sujeito a um comportamento explosivo”. Para o psiquiatra, no entanto, “foi um ato realizado com organização, violência, inteligência preservada”.

O psicólogo José Adão Lima atuou em conjunto com o psiquiatra. Afirmou que a ré agiu com “consciência plena” do que fazia. “Foram aplicados testes psicológicos e realizada uma entrevista clínica. Não se encontrou patologia, e sim conflitos intrapsíquicos”. Adão enfatizou que Arlene recordou de todos os detalhes da execução do crime.

O juiz John Silas explicou que um laudo no processo indicou que a ré é semi-imputável, ou seja, não tem capacidade de discernimento totalmente íntegra. “Se for considerada semi-imputável, algumas medidas cautelares deverão ser impostas a ela. Vai depender da quesitação que vamos formular para que os jurados possam dizer se ela é realmente”. Atualmente, a ré está internada em um centro psiquiátrico. 

O Ministério Público Estadual (MPE) acusa a ré de duplo homicídio triplamente qualificado pela morte dos dois filhos e pediu a sua condenação durante o julgamento.

Depoimento do ex-marido

Abelardo Pedro Nobre Junior, ex-marido de Arlene Régis dos Santos, acusada de matar dois filhos, foi um dos primeiros a depor no julgamento. Segundo ele, a ex-esposa começou a mostrar os primeiros sinais de comportamento obsessivo quando ainda estavam casados.

Junior, ainda durante depoimento, afirmou que Arlene apresentava períodos de descontrole, o que acabaram resultando na separação. 

Depois de dois anos divorciados, a ré passou a persegui-lo quando soube que ele estava se relacionando com outra pessoa. O ex-marido também relatou que a ex-mulher tentou enfocá-lo. O fato aconteceu um dia antes do assassinato das crianças.

Sobrevivente

O jovem Arlanicson Pedro Santos Nobre, de 23 anos, também prestou depoimento no julgamento da mãe. "Não sei por qual motivo ela tirou a vida de meus irmãos", disse.

Ele também contou ter sofrido uma tentativa de estrangulamento por Arlene Régis, mas sobreviveu e fugiu. 

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