VIOLÊNCIA POLICIAL

Corpo de alagoano morto por PMs em SP segue no IML após dois meses

Identificação oficial depende da análise genética entre material da vítima e de seus parentes
Por Redação 18/08/2025 - 11:12
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Reprodução
Jeferson foi morto em abordagem sob o Viaduto 25 de Março, em São Paulo
Jeferson foi morto em abordagem sob o Viaduto 25 de Março, em São Paulo

O corpo de Jeferson de Souza, morador de rua alagoano, permanece no Instituto Médico Legal de São Paulo dois meses após ser morto por policiais militares em 13 de junho. Familiares informaram não ter condições de custear o translado, e a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) acionou a Defensoria Pública para auxiliar.

A identificação oficial depende da análise genética entre material da vítima e de seus parentes. A SSP afirmou que Jeferson não possuía documento de identidade, impedindo reconhecimento pelas impressões digitais. O Núcleo de Biologia e Biotecnologia iniciou tratativas para coletar amostras em Alagoas.

Jeferson foi abordado enquanto descia de uma árvore na região da Sé. Imagens mostram que ele chorou e colocou as mãos na nuca antes de ser atingido por três tiros de fuzil. Um policial chegou a cobrir a câmera corporal no momento dos disparos, impedindo registro do crime.

A versão registrada pelos policiais no boletim de ocorrência afirma que Jeferson teria tentado pegar a arma de um deles. A SSP e as imagens obtidas indicam que ele estava rendido e sem oferecer resistência. Outras viaturas da PM e do Corpo de Bombeiros chegaram após o ocorrido.

Em 22 de julho, a juíza Patrícia Álvarez Cruz decretou a prisão preventiva dos policiais Alan Wallace dos Santos Moreira e Danilo Gehrinh. O Ministério Público aponta que um atirou enquanto o outro obstruiu a câmera, caracterizando homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.

No dia 6 de agosto a justiça aceitou a denúncia do MP, tornando os dois réus. O crime teve agravantes de motivo torpe e condição de vulnerabilidade da vítima. Ambos permanecem detidos no Presídio Militar Romão Gomes, e a Corregedoria da PM segue com o inquérito disciplinar.

À época, em nota, a SSP informou que repudia a conduta dos agentes e reforçou que investigará rigorosamente desvios ou excessos no cumprimento das funções. A corporação declarou que os policiais responderão por todas as instâncias disciplinares e judiciais competentes.


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