FMI eleva projeção para alta do PIB global em 2024, de 3,1% a 3,2%

Por Agência Estado 16/04/2024 - 11:33

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou levemente para cima sua expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano, de 3,1% a 3,2%, em seu mais recente relatório Perspectivas da Economia Mundial, publicado nesta terça-feira, 16. Para 2025, ele manteve a previsão de avanço também de 3,2%, como constava na projeção anterior deste relatório, de janeiro.

No caso dos Estados Unidos, o Fundo elevou sua expectativa de alta do PIB neste ano de modo mais robusto, de 2,1% a 2,7%. Para 2025, mudou a projeção de avanço da economia americana de 1,7% a 1,9%.

Já para a zona do euro houve revisão em baixa, de alta de 0,9% em janeiro para avanço de 0,8% neste ano, na projeção mais recente, e previsão de crescimento de 1,5% em 2025 (de 1,7% anteriormente).

Apenas na Alemanha, o FMI espera agora avanços de apenas 0,2% no PIB neste ano e de 1,3% em 2025, cortes de 0,3 ponto porcentual nos dois casos.

Para o Reino Unido, espera alta de 0,5% em 2024 e de 1,5% em 2025, reduções de 0,1 ponto porcentual nos dois anos.

Já no caso da China, o Fundo manteve suas expectativas de crescimento de 4,6% neste ano e de 4,1% no próximo. Para a Índia, ele espera agora avanço de 6,8% no PIB deste ano (alta de 0,3 ponto porcentual ante a expectativa de janeiro) e de 6,5% no próximo, neste caso com manutenção do número anterior.

Em relação à economia da Rússia, o FMI revisou em alta sua projeção para este ano, de 2,8% a 3,1%, e também a de 2025, de 2,5% a 2,8% neste caso.

Riscos mais equilibrados

O FMI afirma em seu relatório que os riscos à perspectiva global "têm diminuído desde outubro de 2023", o que leva a um cenário mais equilibrado entre os possíveis resultados em relação à projeção do cenário-base para o crescimento global.

Com as pressões inflacionárias caindo mais rápido que o esperado em muitos países, há espaço para surpresas favoráveis, mas também existem riscos que podem se materializar, adverte.

Entre os riscos de baixa, o FMI menciona a possibilidade de novos saltos em preços de commodities globais, em meio a conflitos regionais; a inflação persistente e estresses financeiros; uma perda de impulso na recuperação da China; um ajuste fiscal excessivo e estresses nas dívidas; e desconfiança sobre o impulso de governos em realizar reformas.

Já como fatores que podem ajudar a permitir um maior crescimento, ele cita impulso fiscal de curto prazo no contexto de eleições; surpresas para cima do lado da oferta, que permitiriam relaxamento monetário mais rápido; impulsos à produtividade pela inteligência artificial; e maior impulso em reformas estruturais.

Inflação global

A inflação ao consumidor global deve desacelerar, de uma média anual de alta de 6,8% em 2023 a um avanço de 5,9% em 2024 e de 4,5% em 2025, afirma o Fundo Monetário Internacional no relatório. No documento, o FMI diz que o recuo ocorrerá mais rápido nas economias avançadas em 2024, enquanto em mercados emergentes e economias em desenvolvimento a maior perda de fôlego será vista apenas em 2025.

Para o ano atual, a perspectiva para a inflação global teve revisão em leve alta, de 5,8% em janeiro a 5,9% agora.

Com isso, as economias avançadas devem retornar mais rápido aos níveis de inflação vistos no pré-pandemia, entre 2017 e 2019, com média de 2,0% em 2025, "cerca de um ano antes dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento". Além disso, a média destes países é de quase 5,0%, recorda o Fundo.

Ao mesmo tempo, há muitas diferenças dentro desse grupo de emergentes, diz o Fundo, que menciona a expectativa de inflação mais forte na Turquia, por exemplo.

A queda na inflação global em 2024 reflete um declínio de base ampla na inflação de bens, diz o Fundo.

Já olhando para o núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, o FMI diz que o recuo também deve ocorrer mais rápido nas economias avançadas.

Ele também afirma esperar que essas economias avançadas cheguem mais rápido às metas de inflação de seus bancos centrais, nesse contexto.

Políticas fiscais

O Fundo Monetário Internacional acredita que um aperto nas políticas fiscais deve ocorrer no mundo, com o objetivo de conter os altos níveis de dívida dos governos. Com impostos mais altos e menos gastos dos governos, o quadro deve pesar no crescimento, antecipa o Fundo, em seu relatório.

Segundo o FMI, as relações entre dívida e PIB tiveram forte alta durante a pandemia e permanecem elevadas, enquanto grandes déficits orçamentários continuam a elevar o peso da dívida em muitas economias.

O pagamento de juros sobre a dívida também tem aumentado como parcela das receitas do governo, o que afeta investimentos que poderiam gerar crescimento, avalia. Nos países de renda baixa, o pagamento de juros deve custar em média 14,3% da receita geral dos governos, cerca de o dobro do nível de 15 anos atrás, compara.

Com o objetivo de reconstruir espaço orçamentário de manobra e conter a trajetória crescente da dívida, a política fiscal deve ficar mais apertada em 2024 e depois disso em várias economias avançadas e emergentes, diz o Fundo, o que deve pesar no crescimento no curto prazo.

Nas economias avançadas, o FMI acredita que deve haver um aperto na política fiscal em 2024 e, em menor medida, em 2025 e 2026. Já entre os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, a postura fiscal projetada deve ser "na média, em geral neutra" no ano atual, mas com aperto de cerca de 0,2 pontos porcentuais projetado para 2025. O México aparece como exceção neste ano, com perspectiva de mais gasto fiscal em ano de eleições gerais, mas perspectiva de aperto nesses gastos em 2025, e outros países com eleições no ano atual podem ter movimento similar, diz.

O quadro fiscal da China também é citado no relatório. O FMI acredita que Pequim pode recorrer a medidas fiscais, entre elas financiamento para moradias inacabadas a apoio a famílias vulneráveis, para apoiar a demanda e conter riscos de deflação.

Sobre o mundo em geral, o Fundo adverte para o risco de que uma consolidação fiscal excessiva, com altas de impostos e cortes de gastos além do hoje previsto, poderia resultar em crescimento mais fraco e reduzir o ímpeto por reformas. "Países sem um plano de consolidação digno de crédito no médio prazo poderiam enfrentar reações adversas do mercado ou riscos elevados de estresse na dívida que forcem um ajuste duro", afirma.

O FMI defende, de qualquer modo, um foco renovado em implementar medidas de consolidação fiscal de médio prazo, a fim de reconstruir margem para manobras orçamentárias e prioridades de investimento e garantir a sustentabilidade da dívida.


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