Emprego híbrido: nova geração não quer só acordar cedo e trabalhar, diz consultor

Por Agência Estado 18/04/2024 - 13:00

ACESSIBILIDADE


Em 2019, ainda no ano anterior à pandemia de covid-19, o biólogo Bruno Justo questionava as limitações do modelo tradicional de trabalho. Saiu de uma ocupação de gerente comercial na área de engenharia ambiental e fundou a Wiser Experience, uma empresa focada em ajudar organizações a adotar e otimizar o trabalho híbrido.

"Percebemos que há um foco grande no bem-estar, hoje em dia, as novas gerações não querem mais acordar cedo e ficar 10 horas trabalhando, voltar, apenas comer alguma coisa, dormir e acordar cedo para trabalhar. Isso é uma cultura muito da época industrial. Agora a cultura é diferente, é acumular menos e ter uma qualidade de vida melhor, e o trabalho híbrido encaixa nisso", afirma Justo.

Sua empresa tenta convencer gestores e empregados de que a melhor maneira de trabalhar numa empresa, sempre que possível, é a forma híbrida. No ano passado, faturou R$ 6,5 milhões com as consultorias.


A Wiser adota uma abordagem centrada em dados para mostrar a eficácia do trabalho híbrido. Utilizando informações e estudos, a empresa apresenta os benefícios desse modelo, como aumento da produtividade, redução de custos operacionais e maior satisfação dos funcionários.

Além disso, oferece soluções práticas para a implementação do modelo, auxiliando as empresas na transição para esse novo formato.

Como acontece na prática?

As empresas contratam a Wiser para implementar o software de gestão, reserva de postos de trabalho e salas de reunião e realizar uma análise dos dados de utilização e ocupação dos espaços.

À medida que os usuários utilizam os espaços, a Wiser analisa os dados com um software em conjunto com o cliente e passa a definir estratégias de dimensionamento dos ambientes.

Com a possibilidade do trabalho híbrido, as empresas podem diminuir a taxa de proporção de cadeiras para, por exemplo, 5 cadeiras para 10 colaboradores, conseguindo assim uma redução de 50% de espaços. Ou seja, o cliente consegue reduzir seu custo operacional em 50%, por exemplo.

"Algumas empresas, antes da pandemia, tinham 4 andares, acabaram reduzindo e ficaram com 1 andar. Outras tinham 3 prédios e reduziram para 1 prédio. Temos vários casos de redução significativas do custo operacional, no aluguel, condomínio, limpeza", explica Justo.

Com análise dos padrões de utilização dos espaços de um escritório, a Wiser consegue desvendar as preferências dos usuários e os fatores que influenciam essas escolhas.

Por meio de uma avaliação dos dados coletados, identificam as áreas mais frequentadas e os motivos que as tornam atrativas para os funcionários.

O objetivo final dessa análise é otimizar o ambiente de trabalho, harmonizando os espaços para promover o bem-estar e, consequentemente, aumentar a produtividade.

Faturamento

Nos últimos anos, a Wiser experimentou um crescimento relevante em seu faturamento:

- 2021: crescimento de 400% comparado a 2020.
- 2022: aumento de 230% comparado a 2021.
- 2023: aumento de 30% comparado a 2022.
Em 2023, o faturamento foi de R$ 6,5 milhões.


No Brasil, são cerca de 40 clientes. Também atua no México, Argentina, Colômbia e Chile, atendendo a 15 empresas. E ainda tem clientes na Alemanha e nos Estados Unidos.

9 a cada 10 empresas adotam modelo híbrido

No Brasil, 85,6% das empresas adotam o modelo híbrido, aponta pesquisa da consultoria de imóveis JLL. Passados 4 anos da pandemia de covid, o híbrido continua sendo o modelo preferido de trabalho, aponta um levantamento.

A pesquisa revela que o modelo mais popular é de 2 dias de trabalho no escritório e 3 dias remotos por semana.

A pesquisa JLL ouviu 289 corporações com mais de 750 funcionários. O levantamento foi realizado no fim de 2023 em 13 países na América Latina.

Outro estudo, do International Workplace Group (IWG), no ano passado, mostra que 81% dos diretores financeiros veem o trabalho híbrido como financeiramente vantajoso, com 89% dos CEOs notando redução de custos. Adicionalmente, 70% dos CEOs relataram um aumento na felicidade dos funcionários.

O estudo ouviu 15 mil profissionais no Brasil e em outros 79 países.


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