Renato Gomes: Real é, de longe, a mais importante iniciativa de política econômica do Brasil

Por Agência Estado 01/07/2024 - 17:21

ACESSIBILIDADE


O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Dias Gomes, disse nesta segunda-feira, 1º, que a implementação do real foi a mais importante iniciativa de política econômica da história recente do País.

"Eu acho que o real é uma condição necessária, é uma etapa inescapável de todos os avanços que nós tivemos nos últimos 30 anos", disse o diretor, em uma live do BC sobre os 30 anos da moeda.

Segundo Gomes, foi o real que permitiu que as políticas de transferência de renda dos últimos 20 anos avançassem no País. O diretor disse, ainda, que a inflação penaliza mais os mais pobres.

Crescimento da produtividade do Brasil

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, disse que o Plano Real permitiu uma rara janela de crescimento constante da produtividade no Brasil.

"Foi depois do Plano Real, e até o final da primeira década dos anos 2000, que o Brasil teve um raro momento em que a produtividade estava crescendo constantemente", disse. "Isso é uma consequência imediata do Plano Real."

Segundo Gomes, o real permitiu que o mercado de crédito florescesse ao debelar a hiperinflação. Permitiu, também, que as empresas pudessem se planejar no longo prazo e investir, por exemplo, em tecnologia.

Antes do real, lembrou o diretor, o sistema financeiro era extremamente concentrado e os bancos lucravam essencialmente com a correção monetária. Com o mercado de crédito fechado, a produtividade do Brasil praticamente não cresceu de 1980 a 1994, ele disse.

"O business de crédito, que é o negócio precípuo de um banco, era secundário naquela época, essencialmente porque a inflação não permitia que crédito de longo prazo fosse provido e a correção monetária gerava rendas que sustentavam as instituições financeiras", afirmou.

Confiança

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, disse que o Plano Real deu certo por duas razões. Em primeiro lugar, partiu de um diagnóstico mais complexo da realidade brasileira, atentando para elementos como a sustentabilidade das contas públicas. Em segundo, foi transparente, angariando confiança a população.

"O Plano Real envolve um diagnóstico um pouco mais complexo das questões brasileiras", disse. "Ele atentava para elementos importantes, como o equilíbrio das contas públicas, que se criou em 1993, antes do plano Real, que é um elemento que essencialmente escapou a todos os planos anteriores."

Gomes lembrou que a "primeira fase" do real ocorreu quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tomou posse como ministro da Fazenda, ainda em 1993, e promoveu uma agenda de controle das contas públicas. "Já reflete essa ideia, que estava lá no plano de ações imediatas, de que não é possível ter estabilidade de preços sem estabilidade fiscal", disse.

O diretor também afirmou que o fato de as medidas de implementação do Plano Real terem sido anunciadas com antecedência permitiu que a população tivesse confiança na iniciativa. "O Plano Real, ao contrário dos outros planos, rapidamente angariou confiança da população, porque ele não teve surpresa, ele não teve pacote, ele não teve arrocho, ele foi gradual, ele foi transparente", afirmou.


Encontrou algum erro? Entre em contato