Com Petrobras, Ibovespa inicia semana em alta de 0,22%, aos 126,5 mil pontos

Por Agência Estado 08/07/2024 - 18:12

ACESSIBILIDADE


A acentuação de ganhos em Petrobras (ON +2,33%, PN +2,45%) após o anúncio de que a estatal cobrará preços mais altos na gasolina e no GLP a partir de amanhã assegurou fechamento levemente positivo para o Ibovespa na sessão. Hoje, o índice da B3 oscilou até os 125.613,54, na mínima, tendo iniciado o dia aos 126.280,29 pontos. E fechou bem perto da máxima do dia (+0,23%, aos 126.551,30 pontos), ampliando a série positiva pela sexta sessão e igualando, em extensão, sequência vista em fevereiro. No ajuste final, o índice mostrava 126.548,34, em alta de 0,22% no fechamento. O giro ficou em R$ 19,2 bilhões nesta segunda-feira, 8.

No começo da tarde, a Petrobras anunciou o primeiro aumento da gasolina no ano, também o primeiro da gestão da presidente Magda Chambriard. O reajuste gira em torno dos 7,8%, ou mais R$ 0,20 por litro, reporta do Rio a jornalista Denise Luna, do Broadcast. O preço para as distribuidoras passa a ser, em média, de R$ 3,01 a partir de amanhã, informou a estatal. A empresa também reajustou o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que permanecia sem aumento desde março de 2022. O preço de venda para as distribuidoras passará a ser, em média, de R$ 34,70 por botijão de 13kg, uma alta de R$ 3,10.

O avanço registrado pelas ações da estatal nesta segunda-feira se contrapôs ao dia negativo para os grandes bancos e para Vale (ON -0,79%). No setor financeiro, BB ON cedeu 1,65% e Santander Unit, 2,10%, na mínima do dia no fechamento. Por sua vez, Bradesco teve ajuste discreto e destoou do sinal no fim da sessão, com a ON em alta de 0,18% e a PN, sem variação, em dia de leve perda para Itaú (PN -0,18%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Weg (+5,40%), Azul (+4,99%) e CCR (+2,55%). No lado oposto, Magazine Luiza (-5,84%), CVC (-2,91%) e Eneva (-2,89%).

A sessão havia começado de forma mais desfavorável aos ativos brasileiros - não apenas na Bolsa, mas também no câmbio e na curva de juros doméstica - com nova rodada de elevação de expectativas do mercado para a inflação no boletim Focus desta manhã. A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, calcula que o aumento da gasolina, de R$ 0,20 por litro, deve representar elevação em torno de 2,50% na bomba, com impacto total para o IPCA de 13 pontos-base, sendo 9 pontos na leitura de julho.

Para o economista-chefe do Banco Bmg, Flavio Serrano, o aumento deve trazer um impacto de 0,14 ponto porcentual para o índice oficial de inflação, diluído entre julho e agosto, reporta o jornalista Daniel Tozzi Mendes, do Broadcast. De forma geral, os reajustes anunciados hoje pela Petrobras no preço da gasolina e do Gás Liquefeito de Petróleo devem gerar um efeito de alta entre 0,16 e 0,21 ponto porcentual nas próximas leituras do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculam economistas consultados pelo Broadcast.

Para além do aumento anunciado hoje pela Petrobras, a agenda desta semana traz, entre os destaques, o IPCA de junho, na quarta feira, observa Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital. "O mercado espera que a parte de alimentos continue sendo muito afetada em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul", acrescenta.

Além do IPCA na quarta, nos Estados Unidos haverá a divulgação do CPI (inflação ao consumidor) e do PPI (inflação ao produtor), na quinta e na sexta-feira, pela ordem. "Sem dúvida, vai ser uma semana bastante movimentada já que teremos, também, o início da temporada de resultados do segundo trimestre nos EUA, com a divulgação dos balanços dos bancos ao final da semana."

Dólar

Após três pregões seguidos de forte queda, em que acumulou desvalorização de 3,57%, o dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 8, com leves ganhos, mas ainda abaixo do nível psicológico de R$ 5,50. Segundo operadores, houve um movimento de ajuste técnico e correção no mercado local, em dia de baixa de commodities e sinal predominante de alta da moeda americana no exterior.

A leve piora das expectativas de inflação no Boletim Focus e a redução da liquidez na véspera do feriado estadual de 9 de julho em São Paulo, que deve deprimir o volume de negócios amanhã, também contribuíram para posicionamento mais defensivo dos investidores em dia de agenda esvaziada aqui e lá fora.

No início da tarde, o dólar até operou em ligeira baixa, na esteira do anúncio de reajuste de preços da gasolina pela Petrobras, o primeiro do ano e da gestão da presidente Magda Chambriard. Houve aumento de R$ 0,20 do preço da gasolina para distribuidoras, a partir de amanhã.

Embora não resolva o problema da defasagem dos preços de combustíveis, o reajuste é positivo ao mostrar que a empresa tem certa autonomia para gerenciar sua política de preços, a despeito de eventuais pressões políticas vindas do governo. Economistas consultados pelo Broadcast estimam que o aumento da gasolina e do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) devem acionar entre 0,16 e 0,21 ponto porcentual às próximas leituras do IPCA.

Com mínima a R$ 5,4570 e máxima a R$ 5,4951, o dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 5,4766, em alta de 0,26%. No mês, ainda acumula baixa 2,00%.

O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que parte da alta do dólar hoje é reflexo da liquidez mais apertada, uma vez que amanhã, apesar de o mercado de câmbio funcionar normalmente, muitos bancos não estarão presentes.

"Está faltando liquidez. Além disso, o desempenho de alguns pares do real não está tão benigno hoje, apesar de o peso mexicano e o colombiano se valorizarem", diz Borsoi, que não viu impacto sobre o câmbio na piora das estimativas para o IPCA deste ano (de 4% para 4,02%) e de 2025 (de 3,87% para 3,88%). "O Focus veio com uma leitura de alta bem marginal da inflação, tanto que os DIs estão mais ou menos estáveis".

Apesar do tropeço do real hoje, Borsoi vê espaço para uma queda adicional do dólar no mercado local, com a taxa de câmbio passando a oscilar entre R$ 5,30 e R$ 5,40. Após o pico de estresse no início da semana passada, quando o dólar chegou a tocar R$ 5,70, houve uma importante redução da percepção de risco com a ausência de novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e o anúncio de que foram mapeadas pelo governo cerca de R$ 26 bilhões em despesas que podem ser cortadas em 2025.

"Isso levou a uma descompressão de risco bastante grande nos ativos locais. Hoje tivemos anúncio de reajuste de combustíveis pela Petrobras. A política econômica local parece estar dando sinais de volta às boas práticas", diz Borsoi.

Lá fora, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - operou em leve alta, voltando a superar a linha dos 105,000 pontos, com recuo do euro. Apesar de afastado o risco de um governo de extrema-direita na França, após desempenho abaixo do esperado do partido de Marine Le Pen nas eleições legislativas, o ambiente ainda é de incerteza sobre o futuro político, dada a fragmentação de forças e o avanço da esquerda.

Nos EUA, investidores aguardam pronunciamentos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso americano amanhã, 9, e na quarta-feira, 10. Na quinta, 11, sai o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA em junho. Por ora, as chances de corte de juros em setembro permanecem acima de 70%, segundo monitoramento do CME Group.

Juros

Os juros futuros encerraram a segunda-feira perto da estabilidade, com viés de baixa, após uma manhã em alta moderada. A melhora espelhou o alívio no mercado de Treasuries e de câmbio, se sobrepondo à reação negativa ao novo aumento das medianas de inflação na pesquisa Focus que respondeu pelo avanço das taxas na parte de manhã. O anúncio de reajuste nos preços de combustíveis pela Petrobras, mesmo com impacto importante na inflação, foi recebido sem sustos, dada a leitura de que reduz a percepção de ingerência política sobre a estatal.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,575%, de 10,596% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2026, a 11,21%, de 11,24% no último ajuste. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,51% (11,55% na sexta-feira) e a do DI para janeiro de 2029 passava de 11,93% para 11,90%.

O mercado começou o dia ensaiando uma realização de lucros acumulados na semana passada, quando a curva devolveu prêmios pela melhora da percepção fiscal e pelo ambiente externo mais propício ao risco.

As taxas subiam a despeito do IGP-DI de junho, de 0,50%, ter desacelerado mais do que a mediana das estimativas indicava (0,58%), pressionadas pelo Boletim Focus. A mediana para o IPCA de 2024 avançou de 4% para 4,02% e para 2025, horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,87% para 3,88%. Para 2026, permaneceu em 3,60%. "Apesar do Copom hawkish, com manutenção da Selic e sem indicação de mais cortes à frente, as expectativas ainda não se estabilizaram, desancoradas em relação à meta de 3%", observam os economistas do Citi.

Para o sócio e estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, a piora nas expectativa de inflação foi determinante para o comportamento das taxas pela manhã, juntamente com o ligeiro aumento nos retornos dos títulos do Tesouro dos EUA. "Mais tarde, houve um alívio nos Treasuries, favorecendo o câmbio e a curva local", disse. O dólar, naquele momento, zerou a alta e voltou a rodar perto de R$ 5,45, após ter se aproximado novamente de R$ 5,50 nas máximas da manhã. No fechamento, era cotado em R$ 5,4766.

No começo da segunda etapa, veio o anúncio do reajuste nos preços de combustíveis, mas as taxas não reagiram. Mais que isso, zeraram a alta e bateram mínimas da sessão. Os aumentos de R$ 0,20 no litro da gasolina e de R$ 3,10 no botijão de GLP vão vigorar a partir de amanhã, com impacto calculado entre 16 e 21 pontos-base no IPCA, entre julho e agosto.

Com isso, várias casas revisaram para cima sua estimativa de inflação para 2024, como a Quantitas Asset, que elevou sua projeção de 4,1% para 4,3%, o que deve contratar nova deterioração nas medianas de IPCA nas próximas pesquisas Focus.

Por outro lado, a decisão sugere que, apesar do impacto inflacionário, a política de preços da Petrobras está acompanhando as forças de mercado, o que impulsionou as ações da companhia e neutralizou o efeito nocivo sobre a curva. O ajuste na gasolina é visto como necessário para suavizar parte da defasagem, em torno de 18%, em relação aos preços internacionais, e não cobre totalmente essa diferença. "Caso a Petrobras venha a zerar a defasagem da gasolina, o impacto no IPCA será de 25 pontos-base", afirma o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.


Encontrou algum erro? Entre em contato