julgamento
Testemunhas relatam mensagens e ligação de ré à vítima Giovanna Tenório

Mirella Granconato, acusada de mandar executar a estudante Giovanna Tenório, em 2011, está sendo julgada nesta quarta-feira, 11, no salão da 8ª Vara Criminal, no Fórum do Barro Duro, em Maceió.
O promotor de Justiça Antônio Villas Boas pede a condenação por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Para o Ministério Público Estadual (MP-AL), a convicção de que Mirella Granconato foi a mandante do assassinato vem de mensagens de texto enviadas do celular da acusada para o aparelho da vítima.
Nas mensagens, Mirella fez ameaças de morte contra a estudante. Em entrevista ao EXTRA, um pouco antes de ser ouvida, Mirella, disse que acredita na Justiça, mas teme ser condenada.
"Eu acredito que a Justiça vai ser feita, mas sei que entrarei no júri condenada", disse a ré, que passou um ano, 10 meses e oito dias presa.
Durante depoimento, uma das testemunhas de acusação relatou que Mirella já havia agredido Giovanna.
O julgamento, presidido pelo juiz John Silas da Silva, ainda não tem previsão de término.
Depoimentos
Pela manhã e no início da tarde, foram ouvidas três testemunhas e uma declarante, a irmã da vítima, Larissa Tenório, além da realização interrogatório da ré.
“Só Mirella bateu na minha irmã por duas vezes, só Mirella mandou mensagens ameaçadoras, só Mirella fez isso. Minha irmã era muito querida, muito amada, não tinha inimizade nenhuma”, disse Larissa, se referindo a dois episódios em que a ré teria agredido Giovanna.
De acordo com o Ministério Público, o motivo do crime seria ciúmes em virtude do relacionamento que a vítima teve com o ex-marido de Mirella, Antônio de Pádua Bandeira, conhecido como Toni Bandeira.
Interrogada, Mirella Graconato negou o crime e afirmou que não conhece o caminhoneiro condenado como autor material do assassinato, Luiz Alberto Bernadino da Silva, mas admitiu ter feito as ameaças e trocado agressões físicas com Giovanna em um incidente na boate Le Hotel. “Tive algumas desavenças com ela. Ela sempre ligava pra ele e era algo que incomodava”, disse.
“Mais do que ninguém, eu busco a verdade. Eu quero a minha vida volta. Eu quero a justiça, a verdade, nada além disso”, afirmou ainda a ré.
As testemunhas Karolinne Albuquerque e Fernanda Silva, amigas de Giovanna, reafirmaram terem visto mensagens de celular ameaçadoras da ré para a vítima. Em uma das mensagens, segundo Karolinne, Mirella disse que daria uma “pisa” em Giovanna.
Fernanda relatou que presenciou quando Giovanna recebeu uma ligação do celular de Toni, e ouviu uma voz feminina a chamando de “rapariga”. Giovanna teria então deduzido que a voz era de Mirella e desligou. O fato teria ocorrido poucos dias antes do desaparecimento da vítima.
Acusação e defesa
À imprensa, o promotor Antônio Vilas Boas, responsável pela acusação, afirmou que as mensagens enviadas pelo celular de Mirella à vítima, em tom ameaçador, não deixam dúvidas sobre a culpa da ré. “Não havia interesse de qualquer outra pessoa em ceifar a vida da vítima”, disse Vilas Boas.
O advogado de defesa, Raimundo Palmeira, ressaltou que as mensagens foram enviadas quase um ano antes da morte de Giovanna, e que não há elementos concretos que demonstrem a persistência de algum litígio entre Mirella e a vítima.
“[Foi um] momento impensado. Quantas companheiras, esposas, quando veem seu marido envolvendo-se com outra pessoa, tem a infantilidade de passar uma mensagem que jamais cumpre. Se Mirela fosse agir violentamente no sentido de tirar a vida de cada amante de seu ex-esposo teve, seria uma serial killer. As traições eram comuns”, argumentou Raimundo Palmeira.
De acordo com o juiz John Silas, em caso de condenação e sendo reconhecidas as qualificadoras do homicídio (motivo torpe e utilização de meio cruel) , a pena pode chegar a 30 anos de reclusão, conforme a legislação. No processo, Mirella também responde por ocultação de cadáver, o que pode acarretar até 4 anos de reclusão.
O crime
A vítima foi sequestrada, em junho de 2011, após sair de uma unidade do Centro Universitário Cesmac, no bairro do Farol, em Maceió. Seu corpo foi encontrado dias depois, em um canavial entre as cidades de Rio Largo e Messias.