Audiência

Crimes são julgados na Semana da Justiça pela Paz em Casa

Mutirão irá acelerar julgamento de processos
Por TJ/AL 21/11/2017 - 16:02

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Crimes de ameaça são julgados na Semana da Justiça pela Paz em Casa
Crimes de ameaça são julgados na Semana da Justiça pela Paz em Casa

Uma senhora de 52 anos decidiu procurar a Justiça depois de ser ameaçada de morte pelo seu ex-companheiro com quem conviveu durante 37 anos, 27 deles sofrendo violência psicológica dentro de sua própria casa. Esse e outros processos envolvendo crimes de ameaça serão julgados entre esta terça-feria, 21, e sexta, 24, das 7h30 às 13h30, durante a Semana da Justiça pela Paz em Casa, no 4º Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Maceió.

“Estou aqui para uma audiência referente a uma ameaça de morte. Eu vivi com o meliante durante 37 anos, ele sempre me colocando pra fora, com ameaças, me mandava procurar a Justiça, não tinha agressão física, mas palavras de baixo nível, humilhações. E palavras são piores que uma ‘pisa’ que a gente leva”, contou a vítima, dizendo que o ex-marido não acreditava que ela o denunciaria um dia.

A mulher falou ainda que a dependência financeira a impedia de denunciar o agressor. “Depois de 27 anos nessa situação que tomei uma atitude, porque até então não tinha uma profissão e tinha os filhos pequenos, não podia sair de casa. Sempre assim, humilhada, não apanhava porque ficava calada”, relatou a vítima, que no momento conta com medidas protetivas.

De acordo com o juiz auxiliar do Juizado da Mulher, José Miranda dos Santos Júnior, o mutirão dessa semana julgará processos referentes a crimes de ameaça, que possuem uma pena menor, de um a seis meses, assim como o tempo de prescrição (prazo para que possa haver punição), que é de três anos. Já as lesões corporais prescrevem em oito anos.

A promotora Amélia Campelo explicou que a intenção de julgar crimes de ameça é também dar uma resposta mais rápida às vítimas. “Quando nós damos uma resposta mais imediata na instrução dos processos, evitamos que a ameaça ou até um crime mais grave, como o de lesão, acabe acontecendo com a mesma vítima”, contou.

Maior número de denúncias

Para o juiz José Miranda, as campanhas e a atuação dos órgãos de proteção às mulheres no combate da violência contra a mulher fazem com que as vítimas denunciem os maus tratos.

“Os crimes de violência doméstica são os crimes com a dor do silêncio. O que temos percebido é que esse silêncio tem se transformado em denúncia, queixa. Então, acredito que as mulheres têm tido mais coragem. Nós sabemos que a questão de violência doméstica não se resume ao Judiciário, porque quando o caso chega aqui é porque já aconteceu, é claro que precisamos ter toda uma rede de proteção no qual o Judiciário precisa também participar”, destacou o magistrado.

José Miranda relembrou que as mulheres vítimas de algum tipo de violência doméstica devem procurar esses órgãos de proteção para denunciar e obter ajuda.

“Hoje tem toda uma estrutura que essas mulheres podem procurar. Tem o Juizado, que funciona pela manhã, de 7h30 às 13h30, aqui tem Defensoria Pública e Ministério Público, ela pode procurar também uma sede da Defensoria Pública, do Ministério Público, a Delegacia da Mulher, pode ligar para o 180 e futuramente teremos outros instrumentos que elas também poderão procurar”, disse.

José Miranda frisou ainda que a denúncia pode ser feita também por pessoas que convivem com as vítimas. “Mulher não pertence ao homem. A sua vizinha não pertence ao seu vizinho. Denunciem, todos. Vizinhos, parentes, não deixem que essa situação continue”, finalizou o juiz.

“Eu digo para as outras pessoas que passam pela mesma situação que acordem enquanto é tempo. Porque ninguém merece viver uma vida oprimida, além das brigas ainda tem aquelas palavras de baixo nível. Agressão verbal acaba com você primeiro do que outras coisas”, aconselhou a mulher vítima de ameaça citada no início da matéria.


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