líder nacional
Alagoas registra maior número de casos de Esquistossomose
Alagoas continua apresentando alta incidência de doenças tropicais negligenciadas (DTN), patologias infecciosas causadas por parasitas, bactérias, vírus ou fungos que normalmente são endêmicas e estão relacionadas à pobreza, à falta de saneamento básico e ao baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No caso da Esquistossomose, também conhecida como “barriga d’água”, o estado é líder nacional em número de casos, com 107 mil pessoas diagnosticadas no curto período de oito anos, o correspondente a 25,2% do total de casos no País.
A informação estampa o Boletim Epidemiológico nº 49, deste mês, confeccionado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O trabalho consolida as notificações das doenças negligenciadas no Brasil no período de 2008 a 2016. Além da esquistossomose, entra no conjunto das DTN a hanseníase, filariose linfática, geo-helmintíases (infecções causadas por parasitas) e tracoma(doença ocular).
O Nordeste detém o maior número de pessoas contaminadas pelo Schistosoma mansoni, o parasita responsável pela doença, equivalente a 74,7% do total nacional, que é de 425.231. Segundo explica o Ministério da Saúde, a Esquistossomose é uma doença causada pelo Schistosoma mansoni, parasita que tem no homem seu hospedeiro definitivo, mas que necessita de caramujos de água doce como hospedeiros intermediários para desenvolver seu ciclo evolutivo. A falta de saneamento é apontada como principal fator para contaminação pelo Schistosoma. Em Alagoas, apenas 19% dos municípios têm coleta de esgoto, segundo o IBGE.
Transmissão
A transmissão desse parasita ocorre pela liberação de seus ovos através das fezes do homem infectado. Em contato com a água, os ovos eclodem e libertam larvas que vão se alojar nos caramujos que, por sua vez, infectam as águas e os homens, ao penetrarem pela pele ou mucosas. Assim, o ciclo da doença tem continuidade. Na fase crônica, a pessoa contaminada pode evoluir para quadros graves no estado de saúde, com aumento do fígado, cirrose, aumento do baço, hemorragias provocadas pelo rompimento de veias no esôfago e ascite, que é a barriga d’água.
No período evidenciado na pesquisa, o País apresentou 4.473 óbitos pela doença que, segundo as estatísticas anteriores, significou uma redução de 19,4% em relação à última pesquisa. Visando reduzir a carga das DTN no Brasil, o governo federal aderiu ao Plano Global para o Combate das Doenças Tropicais Negligenciadas, proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 2011, o país vem desenvolvendo o Plano Integrado de Ações Estratégicas de Eliminação da Esquistossomose.
A primeira versão do Plano previa o alcance das metas entre 2011 e 2015, no entanto, no Brasil essas metas foram revistas devido à dificuldade para alcançá-las, conforme previsto no primeiro compromisso.