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Alagoas registra maior número de casos de Esquistossomose

Por Tamara Albuquerque 23/11/2018 - 10:23

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Doença está relacionada à falta de saneamento. Foto: Divulgação
Doença está relacionada à falta de saneamento. Foto: Divulgação

Alagoas continua apresentando alta incidência de doenças tropicais negligenciadas (DTN), patologias infecciosas causadas por parasitas, bactérias, vírus ou fungos que normalmente são endêmicas e estão relacionadas à pobreza, à falta de saneamento básico e ao baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No caso da Esquistossomose, também conhecida como “barriga d’água”, o estado é líder nacional em número de casos, com 107 mil pessoas diagnosticadas no curto período de oito anos, o correspondente a 25,2% do total de casos no País.

A informação estampa o Boletim Epidemiológico nº 49, deste mês, confeccionado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O trabalho consolida as notificações das doenças negligenciadas no Brasil no período de 2008 a 2016. Além da esquistossomose, entra no conjunto das DTN a hanseníase, filariose linfática, geo-helmintíases (infecções causadas por parasitas) e tracoma(doença ocular).

O Nordeste detém o maior número de pessoas contaminadas pelo Schistosoma mansoni, o parasita responsável pela doença, equivalente a 74,7% do total nacional, que é de 425.231. Segundo explica o Ministério da Saúde, a Esquistossomose é uma doença causada pelo Schistosoma mansoni, parasita que tem no homem seu hospedeiro definitivo, mas que necessita de caramujos de água doce como hospedeiros intermediários para desenvolver seu ciclo evolutivo. A falta de saneamento é apontada como principal fator para contaminação pelo Schistosoma. Em Alagoas, apenas 19% dos municípios têm coleta de esgoto, segundo o IBGE.

Transmissão

A transmissão desse parasita ocorre pela liberação de seus ovos através das fezes do homem infectado. Em contato com a água, os ovos eclodem e libertam larvas que vão se alojar nos caramujos que, por sua vez, infectam as águas e os homens, ao penetrarem pela pele ou mucosas. Assim, o ciclo da doença tem continuidade. Na fase crônica, a pessoa contaminada pode evoluir para quadros graves no estado de saúde, com aumento do fígado, cirrose, aumento do baço, hemorragias provocadas pelo rompimento de veias no esôfago e ascite, que é a barriga d’água.

No período evidenciado na pesquisa, o País apresentou 4.473 óbitos pela doença que, segundo as estatísticas anteriores, significou uma redução de 19,4% em relação à última pesquisa. Visando reduzir a carga das DTN no Brasil, o governo federal aderiu ao Plano Global para o Combate das Doenças Tropicais Negligenciadas, proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Desde 2011, o país vem desenvolvendo o Plano Integrado de Ações Estratégicas de Eliminação da Esquistossomose.

 A primeira versão do Plano previa o alcance das metas entre 2011 e 2015, no entanto, no Brasil essas metas foram revistas devido à dificuldade para alcançá-las, conforme previsto no primeiro compromisso.


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