ECONOMIA
Comércio deve registrar menor volume de vendas na Páscoa desde 2008

No segundo ano da pandemia, as vendas no comércio varejista brasileiro relacionadas à Páscoa devem registrar retração de 2,2%, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A quinta data comemorativa mais importante do varejo brasileiro deverá movimentar R$ 1,62 bilhão em 2021, o menor volume desde 2008.
Entretanto, em Alagoas os lojistas estão otimistas para a segunda Páscoa em plena pandemia, segundo uma pesquisa realizada pelo Fecomércio-AL, pois 56,2% dos consumidores entrevistados afirmaram que irão comprar ovos de chocolate, em Maceió. Mesmo com uma queda de 2 pontos percentuais (p.p.) em relação a 2020, o desempenho é considerado positivo ante à realidade econômica pela qual passa o país face ao momento difícil de expansão do Covid-19, devendo movimentar cerca de R$ 26 milhões na economia da capital.
Mesmo diante desse panorama, segundo o Fecomércio-AL, a intenção de consumo dos maceioenses está 15% maior do que a média vista nos anos compreendidos entre 2016 e 2018, ficando aquém, somente, dos anos 2019 (57,9%) e 2020 (58,2%). A pesquisa foi realizada entre os dias 08 e 10 de março em ambientes de consumo de grande circulação.
Especificamente sobre o volume de vendas, a queda esperada é menor do que a observada no ano passado (28,7%), mas há baixa expectativa dos varejistas por conta da redução das importações de produtos típicos da data. A quantidade de chocolates importada este ano (2,9 mil toneladas), por exemplo, foi a menor desde 2013 (2,65 mil toneladas). Já a importação de bacalhau (2,26 mil toneladas) foi a mais baixa desde a Páscoa de 2009 (1,43 mil toneladas).
Em relação ao investimento financeiro, 49,6% dos consumidores pretendem gastar um valor até R$ 100 nas compras de chocolates, enquanto a minoria (10,6%) tem a intenção de gastar um pouco mais, desembolsando acima de R$ 100. Já no tocante à compra de vinhos e frutos do mar, a pesquisa observou que 48,6% dos consumidores têm planos de gastar até R$ 200, destacando que, desse total, 37,4% não pretendem gastar mais R$ 100. Quanto ao pagamento, 53,8% dos entrevistados preferem comprar à vista, seja em dinheiro ou cartão de débito.
Fabio Bentes, economista da CNC responsável, destaca que a desvalorização cambial de 23%, nos últimos 12 meses, encareceu a importação de produtos típicos. Ele lembra, ainda, que a festa ocorre em um período de maior comprometimento da renda familiar, fora da janela de pagamento do auxílio emergencial.
“O complemento social ajuda a desafogar o orçamento doméstico e, nesse sentido, contribui para o consumo. Além disso, a capacidade de contração de crédito está prejudicada pelo patamar recorde de comprometimento da renda das famílias”, aponta Bentes. De acordo com dados do Banco Central, 28,4% da renda dos brasileiros está comprometida com o pagamento de dívidas – o maior patamar da série, iniciada em 2005. “É o que chamamos de tempestade perfeita”, completa o economista.