CULTURA
Projeto da Academia Alagoana de Letras contempla crianças da capital e do interior
“Letras Alagoanas, preparando para o futuro” revela talentos dos próximos imortais do estado
A academia Alagoana de Letras abriu suas portas para crianças alagoanas de 8 a 11 anos mostrarem seus talentos e aprimorar o gosto pela leitura, escrita e outras artes. O projeto “Letras Alagoanas, preparando para o futuro” conseguiu juntar os possíveis mais novos imortais oriundos da capital e interior do estado. Uniu cores, classes sociais, gostos, promoveu inclusão, deu oportunidades, fez o público se emocionar. Para abrir os trabalhos, apresentou Lídia Jordana, 9 anos, de Maceió, Down, que esbanjou talento, conhecimento e nos ensinou que somos diferentes, mas iguais.
Em seguida, aportaram, lá de Paulo Jacinto, da Terra do Baile da Chita, para apresentar a obra literária da escritora Maria Isabelle Barbosa, os habilidosos Maria Valentina Ramos e Silva Freire e Daniel Jhonson Nascimento. A organista e artista plástica Milena Correia de Amorim fez brilhar seu talento, seja dedilhando uma canção, seja apresentando suas aquarelas. Na verdade, foram tantos talentos juntos que transbordaram além do vídeo e encheramm de emoção os olhos e corações de quem os assistiu.
Lídia, a Lili, brincou com as palavras, recitou, nos fez conhecer um pouco mais de Aurélio Buarque de Holanda. Foi ao encontro do mestre e nos apresentou o mar de Ponta Verde, que estava bem ao lado de seu homenageado. E o que dizer da garotada do interior alagoano que fez bonito em sua estreia. Maria Valentina se vestiu de chita, o traje de gala de quem é da Terra do Baile da Chita. Com sua desenvoltura e charme, nos apresentou um pouco da obra de Isabelle Barbosa, “A princesa e o Plebeu”.

Neste livro interativo, a autora instiga a curiosidade do leitor do começo ao fim. E assim, Valentina deu vida aos personagens criados por Isabelle. Seduziu aos que acompanharam a narrativa e os transportou para um reino tão, tão distante chamado Encantado. De fato, Valentina encanta com sua arte de contar história, leva o público a participar da trama, a torcer pela princesa e o plebeu. Mas, para não entregar o final da trama de bandeja, surpreende e encerra a história com um “colorin colorado, este conto está terminado”.
Para a estudante que ama ler, escrever, desenhar e cantar, participar do projeto da Academia Alagoana de Letras foi um aprendizado. “A história é muito legal, emocionante. Gosto de contar histórias, gosto de ler e espero que mais pessoas conheçam e sintam vontade de ler”, confidenciou Valentina.
E nem bem Valentina se despediu do mundo de contos de fada, Daniel convocou o público para uma história do mundo real. Também vestido de chita, disse logo que entrou por uma de pato e saiu por uma de pinto e quem quiser que conte mais cinco e já emendou com a história que fala de um Planeta Azul, também de Isabelle. Essa trama é real, se passa ali mesmo, em Paulo Jacinto, porta de entrada do Agreste alagoano. A narrativa chama a responsabilidade para a conservação da natureza. Mas será que foi possível despoluir o Rio Paraíba, que corta a cidade bem ao meio? “Ah, isso você só irá saber se ler a obra”, desafia Daniel.
Milena é puro talento. A organista mostra sua desenvoltura com o instrumento musical – o órgão que ganhou da mãe. Dedilha, encanta com sua sutileza e delicadeza. E ainda apresentou seu ateliê, sua arte nas lindas aquarelas expostas em um lugar especial da casa. “Fico muito feliz quando estou tocando ou desenhando. Foi muito bom participar desse projeto”, garantiu a tímida artista.

AVANTE, ISABELLE
Maria Isabelle é daquelas pessoas que ama escrever, ler, se aventurar pelo universo da literatura. Prova disso é que publicou duas obras – A Princesa e o Plebeu e O que o mundo precisa – e já tem outros projetos em mente. A menina prodígio começou sua jornada literária aos 8 anos de idade e no dia em que completou 9 anos lançou sua obra, um livro dois em um. Segundo ela, qualquer pessoa pode realizar seus sonhos, basta acreditar. Fã de William Shakespeare, tem uma frase do poeta que leva para a vida.
“Não se deixe levar pela distância entre seus sonhos e a realidade. Se você é capaz de sonhá-los, também pode realizá-los”, acredita Isabelle. O projeto está apenas começando e muitas crianças ainda vão mostrar seus talentos. Aproveite e se inscreva no canal Youtube da Academia Alagoana de Letras e nas outras redes sociais da entidade.
Academia alagoana: mais de 100 anos de história
Em 2019, a Academia Alagoana de Letras (AAL) completou um século de existência e desde sua eleição em 2017, o presidente Alberto Rostand Lanverly tem promovido ações que engrandecem a instituição. O que chama a atenção é que no período de pandemia, as atividades na AAL não pararam. Os membros se reinventaram e vários projetos online foram desenvolvidos para movimentar os acadêmicos e interagir com o público.
Segundo Lanverly, as pessoas reclamavam que a Academia era uma casa fechada, no casulo, ninguém sabia o que acontecia ali. Foi quando surgiu a ideia de levar a AAL à comunidade, indo à escola, proferindo palestras, reuniões no interior de Alagoas, incentivando criação de outras. E assim, novos projetos surgiram. O que dizer de “Dois dedos de prosa e poesia” e o “Academia Alagoana de Letras em sua casa. Não foi diferente com a “Academia convida” e "Letras Alagoenses". O “Alagoas Literária” contou com 35 municípios de todas as regiões do estado e deixou o gosto de quero mais. E o próximo projeto vem aí. Será “Um livro que li”. Pelo tema, já nasce vitorioso., como é tudo o que a Academia alagoana se propõe a fazer.
Na gestão de Rostand Lanverly, a academia efervesce, cria, abria-se para o mundo. Mas faltava um segmento ser contemplado. As crianças precisavam conhecer este universo literário. E o presidente e os demais acadêmicos apostaram todas suas fichas no público infantil. Os frutos já começaram a ser colhidos. São 20 crianças – 10 de Maceió e 10 do interior – que apresentam seus talentos. Uns recitam, outros contam histórias, outros tocam instrumentos musicais, outros dançam, cantam, encantam.
O presidente da AAL comemora os feitos e os que estão a caminho. Ele diz que o projeto “Preparando para o futuro” é um desafio e a escolha foi feita a partir de instituições de ensino das redes pública e privada. Nele, é permitido que as crianças transmitam a arte do seu jeito, livre, puro e de uma leveza que encanta. Entusiasta, Rostand garante que assistir aos vídeos da garotada nos remete a um universo que faz esquecer um pouco das coisas ruins que vivemos. “A Academia é a casa das casas. É um órgão de cultura que contempla todo segmento literário, desde que tenha conteúdo para oferecer”, afirmou.
Outra meta da atual gestão é concretizar a restauração de suas duas sedes. A que fica na Praça Sinimbu e a original, na Praça Deodoro, no Centro de Maceió. A previsão é que até junho deste ano estejam restauradas e abertas ao público. E assim, neste universo cultural, aos atuais imortais e aos futuros, aplausos!