LAGOA MUNDAÚ
Vestígios de raticida e metais pesados são encontrados em peixes mortos
Amostras foram coletadas por pesquisador da Ufal em local próximo ao Porto do SururuOs laudos divulgados pelo pesquisador Emerson Soares, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), revelaram um nível preocupante de contaminação por substâncias químicas na Lagoa Mundaú que representam riscos para o meio ambiente e para a saúde humana, no caso de ingestão de pescados oriundos da região.
As amostras foram coletadas pelo pesquisador em local próximo ao Porto do Sururu, no dia 13 de março, após denúncias de pescadores da comunidade do Flexal, no bairro de Bebedouro. Entre as substâncias encontradas destacam-se “fluoroacetamida, inseticida e raticida, altamente solúvel em água e altamente volátil, moderadamente tóxica para os peixes e provocam altas taxas de mortalidade em animais”, revelou o laudo.
Emerson Soares relatou que no Laboratório de Aquicultura e Análise de Águas (Laqua), que ele coordena, foram analisados 24 parâmetros físico-químicos, com resultados alterados para 15 desses itens. “Destes, o que mais chamou a atenção foi o manganês, que estava em concentrações entre 70 a 80 vezes acima do nível permitido. Essa substância provoca distúrbios motores e causa danos ao fígado dos peixes, também impede as trocas gasosas, assim os peixes não conseguem retirar o oxigênio da água”, explicou o pesquisador.
O laudo conclui que “os peixes morreram por intoxicação química e orgânica, devido ao produto lançado, de forma intencional, por escape ou ainda por escoamento superficial”. Os pesquisadores sugerem “a realização de monitoramento do ambiente lagunar com vistas a saúde pública e qualidade e segurança alimentar, devido a alguns índices elevados de mercúrio, manganês, potássio, BTEX (tolueno), bactérias e coliformes fecais encontrados no ambiente. Estes afetam e podem trazer graves danos à saúde da população”.
Os laudos já foram enviados para o Ministério Público Federal (MPF) para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Sobre a ocorrência denunciada pelo professor Emerson Soares, quando foi impedido por seguranças de acessar as margens da laguna Mundaú na área mais próxima à antiga base de exploração da Braskem, hoje canteiro de obras de fechamento de poços, ele informou que a situação está sendo resolvida.
“O reitor Josealdo Tonholo entrou em contato com a direção da empresa que se comprometeu a atender pesquisadores e pesquisadoras da Ufal que apresentarem identificação”, finalizou Soares.
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