NOVELA SEM FIM
Herdeiros de João Lyra questionam novo contrato firmado pela massa falida
Caso envolve parceria agrícola nas terras da Usina Guaxuma
Um dos controversos processos de falência do Brasil envolve a Laginha Agroindustrial S/A, um conglomerado de usinas de açúcar e etanol em Alagoas. Agora, o caso enfrenta uma nova crise relacionada ao destino da Usina Guaxuma, um ativo fundamental avaliado em quase R$ 1 bilhão. Parte dos herdeiros do fundador da Laginha, ex-deputado João Lyra, e a matriarca da família, também credora da massa falida, estão em disputa judicial contra um contrato de parceria agrícola nas terras da Guaxuma. Alegam que a longa duração do contrato poderia perpetuar a falência.
Nesse contexto, dez magistrados já estiveram envolvidos no processo de falência. Atualmente, uma comissão de três juízes é responsável por conduzir o caso. Emanuela Porangaba, membro dessa comissão, também está envolvida no inventário de João Lyra, o que gera desentendimentos adicionais.
A atuação de Maria de Lourdes, conhecida como Lourdinha Lira e filha mais velha de João Lyra, como inventariante e curadora de seu pai, tem gerado insatisfação entre parte da família. Quatro de seus irmãos, incluindo Thereza Collor, viúva de Pedro Collor de Mello (irmão do ex-presidente Fernando Collor), desejam a sua destituição, alegando falta de confiança, prestação de contas inadequada e problemas na atuação em relação à falência da Laginha.
O escritório Telino & Barros, o quinto a assumir o cargo de administrador judicial, enfrenta resistência de herdeiros e credores que preferiam uma "big four" para a função. Eles afirmam que o escritório não tem experiência adequada e que sua atuação anterior como advogado no processo pode representar um conflito de interesses.
Em meio a essa situação, a proposta de contratação do advogado Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff e coordenador jurídico da campanha de Lula em 2022, como consultor tributário da massa falida, gerou tensões. Os honorários estimados, acima de R$ 200 milhões, causaram objeções por parte dos herdeiros e do comitê de credores da massa falida, bem como da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
A autorização para a contratação de uma parceria agrícola para a Usina Guaxuma também se tornou um ponto de conflito. O edital foi proposto pelo administrador judicial e aprovado pela comissão de juízes. Alguns membros da família e outros interessados acreditam que a venda do ativo seja a solução mais apropriada, enquanto outros defendem a parceria agrícola.
O escritório Telino & Barros refutou as acusações dos herdeiros de João Lyra, alegando que existem ações judiciais em andamento que inviabilizam a venda da Guaxuma. O escritório defende que o edital seguiu os requisitos legais e foi devidamente publicado. Enfatiza que a decisão sobre a aceitação da proposta está sob a responsabilidade do poder Judiciário, e ressalta que o comitê de credores da massa falida se manifestou a favor do contrato de parceria agrícola.
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