GOVERNO DE ALAGOAS

Dantas 2 teve ano agitado, programa contra fome e personagem crescendo nas brechas

Governador conseguiu aproximar deputados para ter força política e maior chance de capilaridade nas cidades
Por Odilon Rios - Especial para o Extra 31/12/2023 - 16:00

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Assessoria
Dantas ainda enfrenta pedido de cassação do mandato encabeçado pela chapa do senador Rodrigo Cunha
Dantas ainda enfrenta pedido de cassação do mandato encabeçado pela chapa do senador Rodrigo Cunha

Nas portas do final do ano, o governador Paulo Dantas (MDB) conseguiu aprovar o Alagoas Sem Fome, que substitui o Pacto Contra a Fome, transformado em peça de acusação na campanha eleitoral. Há um pedido de cassação dos mandatos do governador, do vice Ronaldo Lessa (PDT) e do ministro dos Transportes Renan Filho por criar o pacto durante as eleições e em benefício do grupo palaciano. O grupo nega. O Pacto Contra a Fome foi lançado em 28 de junho do ano passado, três meses e 15 dias antes da votação.relacionadas_esquerda

O processo é da chapa do senador Rodrigo Cunha (Podemos), que disputou e perdeu a votação ao governo. O Ministério Público Eleitoral diz que os governistas criaram um programa para capturar votos nas eleições do ano passado, o que é contestado pela defesa: a distribuição das cestas básicas era uma prática constante, atrelada a uma série de outros programas estaduais.

A ação está parada desde outubro no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e sem data para julgamento. O Alagoas Sem Fome é comandado pela secretária Extraordinária da Primeira Infância Paula Dantas, filha do governador.

A sanção governamental ao Alagoas Sem Fome encerra o primeiro ano do segundo mandato do governador. Um período agitado, coincidindo com os ataques do senador Renan Calheiros (MDB) e seu entorno ao prefeito JHC (PL), revelações sobre o caso Braskem além da decisão, tomada em cima do mês de dezembro, de não pagar o rateio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) aos professores da rede estadual, que também deixou de ser pago em 2022. O governador promete pagar o rateio em 2024, usando recursos federais. A União garantiu R$ 837 milhões.

Também em 2023 a Assembleia recebeu créditos suplementares, assinados pelo governador, R$ 400 milhões, além dos R$ 271 milhões (exatos R$ 271.086.877,00) referentes ao duodécimo, destinado à manutenção do legislativo estadual. Valor recorde, se comparado aos anos anteriores.

Ter os deputados próximos ao governo significa força política e maior chance de capilaridade nas cidades, agregando prefeitos, vereadores e lideranças políticas em ascensão.

Investimentos

Nas contas do próprio governo foram investidos em 2023 R$ 2,6 bilhões, parte destes recursos em obras. Para 2024, a projeção é maior: R$ 3 bilhões. Não por acaso: estaremos em ano eleitoral e a composição política ao redor de Paulo Dantas exige que o maior número possível de prefeitos ganhe nas urnas, preparando o terreno para a majoritária e, principalmente, as duas vagas ao Senado, além da escolha do sucessor do governador.

Nas entrelinhas do Executivo cresce Vitor Pereira, secretário de Governo, tratado como uma espécie de gerentão. É o braço direito do governador, vice-presidente estadual do PSB, cuja presidente é Paula Dantas, a secretária Extraordinária da Primeira Infância, comandante do Alagoas Sem Fome.

Pereira também é uma ponte ligando o Palácio República dos Palmares aos prefeitos. Esteve em Brasília com os representantes dos municípios em busca de recursos para as cidades atingidas pelas enchentes; coordena o programa Mais Água, investimento de R$ 900 milhões em saneamento na região metropolitana. É também quem costura as concessões do saneamento com a iniciativa privada, guiando o futuro do Canal do Sertão, que será assumindo pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) para, em seguida, ser privatizado junto com a estatal.

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