As investigações relacionadas à Operação Game Over, que teve como alvo cinco influenciadores digitais suspeitos de envolvimento de jogos de azar online clandestinos, como o "jogo do tigrinho", foram encerradas. A informação foi divulgada pela Polícia Civil de Alagoas nesta sexta-feira, 18.

O encerramento da investigação ocorreu após a celebração de acordos de colaboração premiada entre os influenciadores investigados e a Polícia Civil de Alagoas. Esses acordos contaram com parecer favorável do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público Estadual (MPAL) e foram homologados pelo Colegiado de Juízes da 17ª Vara Criminal de Maceió.

"O acordo resultou no pagamento de multa ao Estado por meio de doação de bens e equipamentos e construção de uma sede para a Delegacia de Estelionatos em Maceió, recentemente criada pelo governo do Estado e que foi a responsável pela deflagração da Operação Policial”, frisou a autoridade policial.

Dos bens e valores apreendidos durante a Operação Game Over, o acordo homologado perante a 17ª Vara Criminal assegurou também recursos para ressarcir as vítimas do inquérito policial.

A colaboração premiada é um instrumento jurídico que permite que investigados e réus contribuam com informações relevantes para a elucidação de crimes, auxiliando na identificação de outros envolvidos ou na recuperação de valores ilícitos. Em contrapartida, os colaboradores podem receber benefícios legais, como a redução de penas ou até o perdão judicial, a depender do grau de colaboração e dos resultados obtidos para a investigação.

Segundo o delegado Lucimerio Campos, titular da Delegacia de Estelionato, a investigação desvendou um esquema que envolvia a promoção ilegal de jogos por meio de plataformas digitais, utilizando "Contas Demonstração" que simulavam apostar reais, mas que tinham o objetivo de captar apostadores/seguidores de forma irregular, causando prejuízo financeiro e emocional a diversas pessoas.

O início da operação

Em 17 de junho, a operação Game Over, da Polícia Civil, cumpriu mandados de busca e apreensão contra influenciadores que incentivam seguidores a fazerem as apostas, o que configura crime de estelionato. A primeira fase da ação teve como alvos os influenciadores pioneiros na divulgação de jogos de azar online no estado.

A operação foi resultado de nove meses de investigação e resultou em apreensões milionárias, com itens como carros de luxo, lancha e joias. Segundo a Polícia Civil de Alagoas, Ygor Ferreira, marido de Paulinha, seria o chefe da organização que convidava as pessoas para divulgar o "jogo do tigrinho", mesmo que ele não divulgasse a plataforma. 

A investigação mostrou que influenciadores digitais recebiam dos intermediadores contas viciadas, programadas para ganhar, e desta forma incentivar seus seguidores a fazerem apostas. Os intermediadores também davam orientações sobre como fazer as publicações nas redes sociais.

Paulinha e Ygor Ferreira chegaram a ser presos, mas foram liberados após audiência de custódia. A investigação aponta que o casal obteve informações vazadas sobre a operação "Game Over" e fugiu para Dubai dias antes do cumprimento dos mandados de busca e apreensão na residência em Marechal Deodoro. O casal negou a fuga, justificando que teria viajado a trabalho.

A operação bloqueou as contas dos investigados e os proibiu de sair do país. Foram apreendidos passaportes e bens de Paulinha, sendo eles quatro veículos: um Corvette - avaliado em R$ 1,4 milhão - e uma Pajero, ambos localizados no estacionamento do Aeroporto Zumbi dos Palmares. Outros dois foram apreendidos durante os mandados de busca, na residência dos investigados.