Moradores das comunidades dos Flexais continuam à espera de uma decisão judicial sobre sua realocação, enquanto a Braskem suspendeu temporariamente as atividades na mina 27 por questões de segurança. O movimento unificado das vítimas da Braskem (MUVB) critica, em vídeo publicado nas redes sociais, a demora do juiz André Granja, da 3ª Vara Federal de Alagoas, em definir o processo que afeta diretamente essas famílias.

A Braskem confirmou que interrompeu o tamponamento da mina 27, localizada no Mutange, após identificar um desnível superficial no solo. Segundo a empresa, a paralisação é preventiva e temporária, enquanto ocorrem avaliações técnicas no local.

"O sistema de monitoramento permanece sendo acompanhado normalmente, de forma ininterrupta, e não há registro de atividades microssísmicas atípicas na região, neste momento", afirmou a mineradora em nota.

Maurício Sarmento, coordenador-adjunto do MUVB, expressou a frustração das famílias com a falta de definição judicial. "É um verdadeiro absurdo. Enquanto a Braskem suspende as atividades da mina 27 para garantir a segurança de seus trabalhadores, os moradores dessas comunidades continuam vivendo com a incerteza de dias melhores", disse Sarmento.

Ele também questionou a discrepância entre as medidas de segurança para os trabalhadores e a situação dos moradores. "Como pode o solo ser instável para os funcionários da Braskem e seguro para as famílias que ainda moram ali? A responsabilidade por manter essas pessoas na comunidade é do juiz André Granja, que ainda não decidiu sobre nossa realocação", afirmou.

A mineradora informou que já comunicou o ocorrido à Agência Nacional de Mineração (ANM) e à Defesa Civil de Maceió, que monitoram a operação de tamponamento das minas. A empresa garantiu que as demais ações do Plano de Fechamento de Mina seguem em andamento e que a mina 27 não corre risco de colapso, como aconteceu com a mina 18 no final do ano passado.

Sarmento reforçou a urgência de uma resposta judicial. "O solo tremeu, mais um afundamento foi registrado, e a incerteza continua. Aguardamos ansiosos por respostas", concluiu. O EXTRA buscou um posicionamento do magistrado por meio da assessoria da Justiça Federal, em Alagoas, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.

Monitoramento da mina 27

O monitoramento da Mina 27, da Braskem, localizada entre os bairros Bebedouro e Bom Parto, em Maceió, deve durar pelo menos 30 dias, segundo informou o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, nesta segunda-feira, 21.

De acordo com Abelardo Nobre, foi identificado um desnível no solo na área de operações para o preenchimento da Mina 27, resultando em um "recalque". Por causa disso, a Braskem suspendeu o preenchimento na Mina 27 como medida preventiva, para garantir a segurança dos operários que trabalham na localidade.

A Mina 27 fica situada na região onde funcionava o antigo Hospital Psiquiátrico José Lopes, entre os bairros de Bebedouro e Bom Parto.

Segundo o coordenador da Defesa Civil de Maceió, uma análise detalhada do solo deve determinar se o recalque é causado pelos equipamentos pesados ou se é resultado de subsidência. “Precisamos, primeiramente, verificar se há um movimento contínuo no solo. Para isso, instalaremos um DG móvel na área, que coletará dados por pelo menos 30 dias”, disse Abelardo Nobre.

O levantamento será realizado pela Defesa Civil Municipal, pela Braskem, responsável pelos trabalhos no local, e por empresas consultoras. Abelardo reforçou que não foi registrado nenhum tipo de abalo sísmico ou algo que necessite de mais atenção na região.