CÂMARA DOS DEPUTADOS
Arthur Lira se despede com críticas ao governo e jantar de confraternização
Encontro servirá para fortalecer a campanha de Mota para a presidência do LegislativoO presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deixará o comando da Casa neste sábado, 1º de fevereiro, após quatro anos. O nome de consenso para substituí-lo é Hugo Motta (Republicanos-PB), aliado dele. A articulação feita por Lira e Motta montou um arco de alianças que vai da oposição à base do governo, com isso a expectativa é de que a votação em prol do paraibano ultrapasse 450 votos. Para encerrar esse período de comando, nesta sexta, 31, o presidente fará uma confraternização na residência oficial.
O convite para o jantar foi enviado para todos os demais 512 deputados. O encontro acontecerá na residência oficial da Câmara, no Lago Sul, bairro nobre da capital. A celebração não deve ter ares de festança e não terá banda. A despedida deve contar também com presença de aliados para além da Câmara como ministros do governo mais aproximados do Centrão.
O jantar de despedida também servirá como uma tentativa de fortalecer a campanha de Mota para a presidência da Câmara. A escolha de Mota como sucessor é estratégica, visando dar continuidade ao legado de Lira e manter a influência do grupo político que ele representa.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deve ser substituído por Davi Alcolumbre (União-AP), não programou nenhuma festividade. A eleição para a presidência da Câmara ocorrerá às 16h de sábado. Com articulação de Lira, Motta recebeu apoio de 17 partidos, do PT ao PL. Contra ele, concorrem o Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Arthur Lira foi eleito presidente da Câmara em 2021 e reeleito, com votação recorde, em 2023. A relação com o governo Lula foi marcada por embates e acordos, com melhora na reta final da sua gestão.
Apesar de ser cotado para a Esplanada, em entrevista ao Valor Econômico, Lira fez duras críticas ao governo do presidente Lula, sugerindo que a gestão petista pode caminhar para o fracasso. Lira questionou a tentativa do Planalto de atrelar a reforma ministerial ao apoio político para as eleições de 2026, alertando que ninguém quer se associar a um governo enfraquecido. “Ninguém vai embarcar num navio que vai naufragar sabendo que vai naufragar”, afirmou Lira, em tom de alerta.
Segundo a avaliação do deputado, a simples troca de ministros não será suficiente para reverter o desgaste político do governo. Segundo ele, o problema central não está na distribuição de cargos, mas na falta de credibilidade econômica e na deficiente articulação política do Planalto.
O presidente da Câmara também criticou a política econômica do governo, acusando a gestão petista de ganhar a “fama de taxador” devido às tentativas de aumentar a arrecadação.