JÚRI
Julgamento de acusados da morte de Kleber Malaquias entra na fase decisiva
Primeiro dia foi marcado por um clima tenso e acusações de fraude processual
Começou nesta terça-feira, 18, o segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados no assassinato de Kleber Malaquias. Diferentemente do primeiro dia, o auditório no Fórum Desembargador Maia Fernandes, no Barro Duro, Maceió, conta com pouca plateia.
Ontem foi marcado por um clima tenso e hoje o júri entra em fase decisiva, com apresentação das provas pelo MP/AL e debates entre acusação e defesa.
Os réus, José Mário de Lima Silva, Fredson José dos Santos, Edinaldo Estevão de Lima e Marcelo José Souza da Silva, negaram participação no crime. Os promotores Lídia Malta Prata e Thiago Riff reforçam que houve impossibilidade de defesa da vítima e promessa de recompensa.
O juiz Eduardo Nobre, que presidente o júri, abriu os serviços afirmando: "Esperamos que o debate se restrinja ao plano das ideias", pedindo respeito a todos.
Primeiro dia
O primeiro dia do júri, iniciado por volta das 9h30 e marcado por clima tenso entre acusação e defesa, durou cerca de 12 horas e contou com os depoimentos de nove das 22 testemunhas previstas, além do interrogatório dos acusados.
O juiz Eduardo Nobre, que preside o caso, afirmou que há possibilidade de o julgamento se estender até quarta-feira, 19, a depender do andamento dos debates. No entanto, caso haja celeridade nas argumentações, a conclusão pode ocorrer ainda nesta terça.
O Ministério Público de Alagoas (MPAL), representado pelos promotores de Justiça Lídia Malta Prata Lima e Thiago Riff, segue sustentando a acusação com as qualificadoras que embasam o pedido de condenação dos réus, que negaram a participação do crime.
Delegado denuncia interferência política
O delegado Lucimério Campos depôs na condição de testemunha de acusação. O delegado, que na época do crime era titular da delegacia de Rio Largo, falou sobre o andamento da investigação. Durante o depoimento, Lucimério denunciou que houve "interferência política" para afastá-lo do inquérito, mas não citou nomes quando questionado.
O delegado iniciou o depoimento narrando aos jurados como foi o processo inicial da investigação sobre a morte de Kleber Malaquias. Ele disse que tinha conhecimento de que a vítima era ameaçada por conta das denúncias que fazia contra políticos e se alterou quando um advogado pediu que ele citasse nomes.
Réu acusa delegado de forjar provas
Em depoimento, o sargento da Polícia Militar de Alagoas, José Mário, afirmou que um dos delegados responsáveis pela investigação forjou provas e o coagiu. Segundo o sargento, os delegados Lucimério Campos e José Carlos André -- atual Secretário Executivo de Gestão Interna da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AL) -- mentiram durante as investigações.
José Mário falou especialmente sobre Lucimério Campos, afirmando que o delegado forjou provas contra ele e que, por tê-lo "desafiado", foi coagido pelo delegado. Assim, Lucimério teria, segundo o réu, induzido o Ministério Público de Alagoas (MPAL) ao erro. O sargento classificou a postura de Lucimério como um "teatro".
"Passou a forjar provas. Por que não fez busca e apreensão na minha casa? Por que não apreendeu o meu celular?”, indagou, durante o depoimento.
O crime
Kleber Malaquias foi morto a tiros em 15 de julho de 2020, no dia do seu aniversário, dentro do Bar da Buchada, em Rio Largo. Ele era conhecido por suas denúncias contra políticos e por fornecer informações sobre essas irregularidades à polícia e ao Ministério Público.
Devido à complexidade do caso, o julgamento foi desaforado para Maceió. Os promotores reforçam que houve impossibilidade de defesa da vítima e promessa de recompensa. O juiz Eduardo Nobre, que preside o júri, afirmou que ninguém vai ganhar no grito.