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Arthur Lira recua dos holofotes para planejar futuro político para 2026
Ex-presidente da Câmara avalia candidatura ao Senado e oscila entre aproximação com o Planalto
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem sido uma figura rara nos corredores do Congresso Nacional. Parlamentares que antes frequentavam sua influente residência oficial relatam que quase não o veem mais. "Não tenho visto", diz um aliado. "Vi dia desses no cafezinho", comenta outro. Já um terceiro ironiza: "Deve estar no novo gabinete dele, lá no fundo, onde ninguém vai".
A ausência de Lira também é notada no supergabinete que ele montou no primeiro andar do prédio principal da Câmara, um espaço reformado com mobília assinada e painéis inspirados na arquitetura de Oscar Niemeyer. Desde a reestruturação, o local quase não tem recebido visitas. A exceção foi um encontro promovido pelo Palácio do Planalto com prefeitos eleitos e reeleitos, ocasião em que a movimentação política foi intensa.
Sem obrigação de votar ou registrar presença no plenário, Lira também tem evitado debates públicos. Na última terça-feira, contudo, rompeu o padrão ao surgir no espaço do cafezinho da Câmara, onde conversou rapidamente com alguns colegas antes de desaparecer novamente. O afastamento tem motivação estratégica. Lira trabalha para consolidar sua candidatura ao Senado em 2026, mas enfrenta desafios em sua base eleitoral.
O MDB, partido do senador Renan Calheiros, ampliou sua influência em Alagoas, passando de 37 para 68 prefeituras. Enquanto isso, o PP de Lira sofreu um revés, caindo de 29 para 24 administrações municipais.
Ao retornar de uma viagem a Paris, onde passou o Carnaval com a família, Lira precisará definir seu rumo político. O presidente Lula já indicou a possibilidade de oferecer-lhe um ministério ou um cargo estratégico para manter sua proximidade com o governo.
"Me convidam e me desconvidam pela imprensa o tempo todo", tem repetido o ex-presidente da Câmara. Outra alternativa seria a articulação de uma federação partidária de direita no Congresso. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) trabalha para unir PP, União Brasil e Republicanos, e tem manifestado apoio a Lira para presidir o novo bloco conservador. "Se retrair agora é natural. Mas, formando essa federação, vou indicá-lo para presidir", afirmou Ciro.
O senador também destaca que Lira deve se posicionar mais à direita para garantir viabilidade eleitoral. "Se olharmos para a distribuição de votos em Alagoas, Bolsonaro venceu no litoral e na capital. Esse é um cenário positivo para Lira construir sua candidatura ao Senado", avaliou o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro.
(Com IstoÉ)