Na Pajuçara

CRO de Alagoas cede terreno para hotéis e área vira depósito de lixo

Profissionais denuncia descaso com patrimônio público e indício de prevaricação da gestão
Por Tamara Albuquerque 09/06/2025 - 15:48
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Cortesia
Estrutura dentro de terreno do CRO que recebe lixo originados por hotéis
Estrutura dentro de terreno do CRO que recebe lixo originados por hotéis

O Conselho Regional de Odontologia (CRO) em Alagoas é acusado por seus associados de ter cedido o terreno de mil m², onde seria construído a sede do órgão, para a iniciativa privada utilizar como depósito de entulhos e lixo. A área fica em bairro valorizado, na Pajuçara, em frente ao Delman Empresarial, e foi adquirido por R$1.949.479,62 em 2022, envolvendo, inclusive, recursos públicos.

O movimento 'Avança Odontologia Alagoas', que integra cerca de mil dentistas no estado, denuncia que a atualmente a área serve para guardar carros velhos, mobilhas estragadas de dois hotéis da região, além de muito lixo.

"É exemplo preocupante de descaso com o patrimônio Público e com a saúde da população" denuncia o movimento. O local está abandonado e servindo de depósito de lixo, o que configura risco sanitário grave e levanta suspeitas de prevaricação por parte da gestão do CRO, presidido atualmente por Carlos Macedo, segundo afirma o movimento.

A situação será levada pelos profissionais ao Ministério Público do Estado (MPE) e também ao Tribunal de Contas da União (TCU), já que recursos públicos foram empregados na aquisição da área. A denúncia primária sobre o uso irregular do imóvel pela iniciativa privada foi realizada pelo presidente do CRO de Minas Gerais, Raphael Mota, que teve conhecimento da situação.

Segundo o movimento, o abandono do imóvel chama a atenção por ocorrer em um momento em que os profissionais da odontologia enfrentam dificuldades com a estrutura oferecida pelo próprio CRO. "Muitos denunciam a falta de investimento em fiscalização, atendimento precário e ausência de transparência na gestão". Além do terreno em questão, outro imóvel do CRO, desta vez no bairro do Poço, está abandonado e será motivo de fiscalização pelo movimento. 

Juristas ouvidos pelos profissionais destacam que o uso irregular de um bem público vinculado a uma autarquia federal, como o CRO, pode configurar crime de prevaricação, além de abandono de patrimônio público. “Se houve cessão informal a entes privados sem processo licitatório ou autorização legal, estamos falando de uma infração administrativa grave, com indícios de crime”. A reportagem do EXTRA ainda conseguiu ouvir o presidente do Conselho, mas o espaço está aberto para as manifestações e argumentos do CRO.

Sucata de veículo também é encontrado na área destinada a construir a sede do CRO de Alagoas


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