INTERROGATÓRIO
Bolsonaro reitera críticas às urnas eletrônicas em interrogatório no STF
Ex-presidente é acusado pela PGR de liderar organização golpista
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ouvido nesta terça-feira, 10, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022. Bolsonaro foi o sexto réu a prestar depoimento no caso que investiga integrantes do chamado “núcleo crucial” da suposta organização criminosa. As informações são do site G1.
Durante o interrogatório conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, Bolsonaro negou envolvimento na trama. “Não procede a acusação, Excelência”, declarou o ex-presidente ao ser questionado sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o aponta como um dos principais articuladores da tentativa de ruptura institucional.
Ao ser perguntado sobre os fundamentos de suas declarações que colocavam em dúvida a integridade do sistema eleitoral eletrônico e de suposta parcialidade por parte dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro afirmou que suas críticas não eram inéditas e que outras autoridades também já se manifestaram sobre o tema.
"A questão da desconfiança, suspeição ou crítica às urnas não é algo privativo meu", disse. Bolsonaro destacou ter 30 anos de experiência na política, incluindo o período como vereador e deputado federal, e afirmou que esse tipo de posicionamento sempre esteve presente em sua atuação parlamentar.
O ex-presidente também leu trechos de discursos e entrevistas atribuídas a outras figuras públicas. Citou o ministro do STF Flávio Dino, referindo-se a uma declaração de 2010 ou 2012, após uma derrota eleitoral, em que teria dito: "Hoje eu tive a oportunidade de ser vítima de um processo que precisa ser aprimorado, ser auditado, que é o sistema das urnas eletrônicas".
Em outro trecho, Bolsonaro mencionou uma fala do ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi, destacando um vídeo publicado no Facebook. Segundo Bolsonaro, Lupi afirmou: "Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, há fraude interna".
O ex-presidente declarou que sua intenção era propor medidas que garantissem mais segurança ao processo eleitoral. “A intenção sempre foi estabelecer mais uma camada de proteção para evitar qualquer suspeição, qualquer conflito, contra as eleições”, afirmou.
O interrogatório de Bolsonaro ocorre no contexto de investigações que miram ações e discursos de autoridades e militares entre o segundo turno das eleições de 2022 e os atos de 8 de janeiro de 2023.