CULTURA

Grupos culturais mantêm viva a tradição do Bumba Meu Boi em Alagoas

Manifestação é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil e da Humanidade
Por Adja Alvorável 28/06/2025 - 12:52
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Reprodução/Instagram/ligadobumbameuboial
Manifestação cultural do Bumba Meu Boi é celebrada nacionalmente no dia 30 de junho
Manifestação cultural do Bumba Meu Boi é celebrada nacionalmente no dia 30 de junho

Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil e da Humanidade, o Bumba Meu Boi é uma das mais tradicionais manifestações da cultura popular brasileira. A tradição se mantém viva em Alagoas por meio do trabalho contínuo de dezenas de grupos espalhados pelo estado.

No estado, o movimento é coordenado pela Liga do Bumba Meu Boi, entidade que há quase duas décadas atua para fortalecer a brincadeira, apoiar os grupos e ampliar a visibilidade dessa expressão cultural no estado. Hoje, a Liga reúne 40 grupos filiados de diferentes regiões de Alagoas.

À frente da organização está Allan Vitor dos Santos, fundador e atual presidente. Ele participa da brincadeira desde a infância e vê no movimento uma potência cultural do estado. 

“Eu comecei aos dez anos. Hoje eu tenho 42. Comecei a fazer como brincadeira na rua e a brincadeira acabou ficando sério”, conta. “O Bumba Meu Boi em Alagoas é um dos grupos culturais mais fortes e cresce cada dia mais, a gente faz o nosso trabalho perfeitamente, com escultura de 10, 15 metros", afirma Allan.

A Liga surgiu da união dos próprios grupos, em um momento de desvalorização da manifestação. 

“A Liga representa todos os grupos de Bumba Meu Boi. Ela surgiu porque, em 2002, os grupos que foram campeões no concurso de Bumba Meu Boi, que ainda era dividido em categoria adulto e mirim, não foram chamados para se apresentar. Aí, todos os grupos, não só os campeões, se juntaram e formaram a Liga dos Grupos de Bumba Meu Boi, que teve como primeiro presidente o Zé do Boi”, relembra Allan.

Apesar do crescimento e da articulação da Liga, a falta de investimento público ainda é um obstáculo para quem mantém a tradição viva no estado. 

“O que falta é verba. O maior desafio não é só do Bumba Meu Boi, eu participo de vários segmentos culturais e acho que faltam editais para todos eles, não só em Maceió, mas em Alagoas. A gente devia ter edital público de 3 em 3 meses. O pagamento devia ser que nem para as bandas que vêm de fora: 50% antes e 50% depois. Para fazer uma apresentação, a gente gasta mais ou menos de R$ 1 mil a R$ 1.200 e leva até 5 meses para receber o dinheiro [do edital]. É difícil fazer cultura em Alagoas por causa disso”.

O movimento também se renova. Crianças e adolescentes participam ativamente dos grupos, inclusive em versões infantis da brincadeira. “Tem muitos jovens, tem o Bumba Meu Boi kids, que é com criança a partir de 5 anos. As crianças se envolvem muito, muito mesmo no bui, assim como o adolescente”, destaca.

Desde 2004, a Liga organiza um festival anual que se consolidou como um dos principais eventos culturais de Alagoas. O festival movimenta o calendário junino, atrai visitantes de outros estados e países e gera emprego e renda para cerca de 4,5 mil pessoas, direta e indiretamente. Em 2024, a importância da celebração foi reconhecida com a inclusão oficial no calendário cultural do estado, por meio de lei sancionada pelo governo.

Mesmo com todos os desafios, a tradição segue firme e conquista novos públicos a cada edição. Para quem não conhece o Bumba Meu Boi, Allan faz o convite: 

“Vá a um festival de Bumba Meu Boi para ver como é, para conhecer. A pessoa que vai uma vez no festival, se apaixona. É a coisa mais linda do mundo”.

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