Arthur Lira (PP-AL) tem exercido influência política nos bastidores da Câmara dos Deputados, mesmo após deixar a presidência da Casa. Em agosto, Lira participou de negociações que permitiram a Hugo Motta (Republicanos-PB) retomar a presidência após ocupações de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no plenário. As informações são da Folhapress.

O acordo com bolsonaristas foi firmado no gabinete de Lira, garantindo a continuidade de Motta no cargo. A tentativa de Motta de suspender mandatos de parlamentares da oposição não obteve apoio suficiente na Mesa Diretora, e ele optou por não colocar imediatamente em votação pontos do acordo nos quais não participou.

Lira também esteve envolvido na discussão sobre a PEC da blindagem, proposta que busca imunidade a parlamentares em processos e investigações, apoiada pelo centrão. A proposta, rejeitada anteriormente, gerou resistência entre diversos partidos e levou Motta a adiar a votação.

Nos dias seguintes, a discussão sobre a anistia para participantes dos atos golpistas ganhou força, com mobilização do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Lira se reuniu com Bolsonaro em Brasília, influenciando os rumos das negociações. Motta, por sua vez, passou a defender publicamente um texto moderado em comparação com propostas apresentadas por aliados bolsonaristas.

A relação entre Motta e Lira mantém-se colaborativa, segundo parlamentares, e envolve debates sobre reformas administrativas e pautas legislativas importantes. Apesar de tentativas de contato, Lira não respondeu às solicitações da reportagem.

Desde a eleição de Motta à presidência da Câmara, Lira continua a atuar como articulador político, mantendo interlocução com diferentes correntes da Casa e com o governo federal.