As recentes crises envolvendo o risco de reestruturação de dívida da Braskem (BRKM5) e a recuperação judicial da Ambipar (AMBP3) têm afetado o mercado de títulos de dívida de empresas brasileiras. A desvalorização desses papéis no exterior gerou reflexos sobre outras companhias classificadas com maior risco de crédito, como Oi (OIBR3), Tupy (TUPY3), Rumo (RAIL3) e BRF – incorporada pela Marfrig (MBRF3).

Essas empresas emitem títulos no exterior para captar recursos junto a investidores internacionais e diversificar suas fontes de financiamento. Os valores obtidos costumam ser usados para refinanciar dívidas, investir em expansão, recompor o caixa ou financiar aquisições. Em contrapartida, as companhias ficam expostas à variação cambial e à avaliação contínua das agências de classificação de risco.

A queda desses papéis tende a elevar os spreads, diferença entre o rendimento de um título privado e um público, e a pressionar os preços das debêntures no mercado secundário. O impacto é maior em emissões com classificação de risco semelhante ou em setores correlatos, explica Gabriel Santos, especialista de investimentos de Research e Estratégia da Bloxs.

No último mês, os títulos emitidos pela Ambipar no exterior registraram desvalorização de 82% em relação ao valor de face. O movimento atraiu investidores que compram esses papéis com grande desconto na expectativa de ganhos futuros com a recuperação da empresa.

No caso da Braskem, a pressão vem da questão judicial e ambiental relacionada ao afundamento do solo em Maceió, que pode resultar em passivos bilionários. Além disso, o cenário de incertezas reforçou a percepção de risco de crédito da companhia. “Isso levou o mercado a revisar o risco de crédito da empresa”, afirma Santos.