CRIME

MPAL e MPBA denunciam envolvidos na maior rede de tráfico de aves do país

Operação Fauna Protegida aponta atuação interestadual e lavagem de dinheiro
Por Assessoria 14/11/2025 - 20:55
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Divulgação
Operação investigou esquema que capturava e transportava milhares de aves silvestres
Operação investigou esquema que capturava e transportava milhares de aves silvestres

Os Ministérios Públicos de Alagoas e da Bahia (MPAL e MPBA) denunciaram Weber Sena de Oliveira, conhecido como Paulista, e mais 23 pessoas por integrarem a maior rede de tráfico de aves silvestres do Brasil. As denúncias foram apresentadas na quinta-feira, 14, após avanços da Operação Fauna Protegida, que já vinha investigando o grupo havia meses.

A ação teve início após uma blitz realizada na BR-101, em segunda-feira, 7 de janeiro, quando Paulista foi preso em flagrante transportando 135 pássaros. Ele já era alvo de investigações havia mais de 20 anos e, em setembro, foi detido preventivamente em Mascote, na Bahia.

Segundo os MPs, o grupo também responderá por lavagem de dinheiro, receptação qualificada e maus-tratos a animais. No total, cinco denúncias foram protocoladas, quatro delas entre terça-feira, 29 de outubro, e segunda-feira, 10 de novembro, período que coincidiu com o início da COP30, que destaca a proteção da fauna.

As investigações apontam que a organização atuava principalmente na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, com ramificações no Espírito Santo. O esquema envolvia 14 fornecedores, cinco receptadores, três transportadores e uma operadora financeira — esta última responsável por movimentar quase R$ 500 mil entre fevereiro e agosto de 2023.

A companheira de Paulista, Ivonice Silva e Silva, é apontada como responsável por receber pagamentos e repassar valores aos fornecedores. A movimentação financeira tinha como um dos principais destinos a cidade de Magé (RJ), onde vive Valter Nélio, o Juninho de Magé, também denunciado.

O grupo capturava aves usando armadilhas e redes de 20 metros, capazes de apreender até 500 animais por dia. Espécies como trinca-ferro, papa-capim, azulão, canário e pássaro-preto eram mantidas em cativeiros precários até serem enviadas para pontos de comércio clandestino. Segundo a Renctas, 90% dos animais capturados morrem durante o transporte.

A segunda fase da operação foi deflagrada em terça-feira, 29 de outubro, com ações em cidades da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Foram cumpridos mandados de prisão, busca e apreensão e realizadas três prisões em flagrante.

Para o MP, a operação representa um passo importante no combate ao tráfico de animais no país. “É uma resposta contundente para promover a proteção da nossa fauna”, afirmou a promotora de Justiça Aline Salvador.


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