ECONOMIA

Petroleiras rejeitam investimentos em áreas sensíveis do meio ambiente

Por Lara Barsi e Sabrina Lorenzi/Agência Nossa 08/10/2021 - 04:30
Atualização: 07/10/2021 - 20:59
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Agência Nossa
Baía do Sancho, no santuário de Fernando de Noronha
Baía do Sancho, no santuário de Fernando de Noronha

As petroleiras presentes no leilão de áreas ofertadas pelo governo brasileiro nesta quinta-feira rejeitaram blocos considerados ambientalmente sensíveis, entre os quais aqueles próximos a santuários como Fernando de Noronha e Atol das Rocas.

Petrobras, Shell, Chevron, Total Energies, Ecopetrol, Murphy Exploration & Production Company; Karoon Petróleo e Gás, Wintershall Dea do Brasil Exploração e Produção e 3R Petroleum Óleo e Gás não fizeram lances pelas áreas. Também causaram polêmica e não despertaram interesse as áreas ofertadas no litoral de Santa Catarina.

Especialistas argumentam que os trabalhos de sísmica afetam a fauna marinha, sem falar do risco de vazamentos em estágios mais avançados de produção.

A queda-de-braço entre a reguladora, ambientalistas e entidades da sociedade civil em relação a áreas nas bacias de Potiguar e Pelotas é recorrente nos leilões da ANP: a inclusão desses blocos não é uma exclusividade do governo Bolsonaro, pois já ocorre ao longo dos anos. E deve continuar:

“O critério utilizado nessa 17ª rodada foi absolutamente o mesmo que tem sido observado na escolha das áreas que vão compor as demais rodadas. A controvérsia sobre questões ambientais é um fato que é sempre observado na maioria das rodadas, em algumas mais e em outras menos. Mas o processo foi exatamente o mesmo nas 16 rodadas anteriores, portanto não há nada que tenha mudado do ponto de vista da observância de critérios ambientais” afirmou o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, após questionamento da Agência Nossa.

Mas não é só isso


As empresas também não quiseram levar blocos na bacia de Campos, região livre da questão ambiental. A agência leiloou apenas 5 dos 92 blocos ofertados nesta 17a rodada, todos na Bacia de Santos, a mais atraente e com mais chance de sucesso na busca por petróleo. A anglo-holandesa Shell arrematou dois blocos sozinha e três em consórcio com a Ecopetrol.

“Os resultados exploratórios das últimas rodadas, a 15a e 16a, não têm se mostrado muito promissores”, afirmou à Agência Nossa o executivo de uma petroleira multinacional que nem participou do leilão. De acordo com a fonte, a falta de apetite das empresas neste leilão reflete pesquisas exploratórias que não apontam para descobertas satisfatórias de óleo. A exceção é a bacia de Santos, que abriga as grandes reservas do pré-sal.

Segundo a fonte, a questão ambiental também pode ter contribuído para afastar investimentos neste leilão, mas não como fator determinante.

O diretor-geral da ANP acrescentou ainda que apesar dos protestos contra o oferecimento de áreas ambientalmente sensíveis neste leilão, a convenção internacional está sendo seguida.


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