ECONOMIA
Petroleiras rejeitam investimentos em áreas sensíveis do meio ambiente

As petroleiras presentes no leilão de áreas ofertadas pelo governo brasileiro nesta quinta-feira rejeitaram blocos considerados ambientalmente sensíveis, entre os quais aqueles próximos a santuários como Fernando de Noronha e Atol das Rocas.
Especialistas argumentam que os trabalhos de sísmica afetam a fauna marinha, sem falar do risco de vazamentos em estágios mais avançados de produção.
A queda-de-braço entre a reguladora, ambientalistas e entidades da sociedade civil em relação a áreas nas bacias de Potiguar e Pelotas é recorrente nos leilões da ANP: a inclusão desses blocos não é uma exclusividade do governo Bolsonaro, pois já ocorre ao longo dos anos. E deve continuar:
“O critério utilizado nessa 17ª rodada foi absolutamente o mesmo que tem sido observado na escolha das áreas que vão compor as demais rodadas. A controvérsia sobre questões ambientais é um fato que é sempre observado na maioria das rodadas, em algumas mais e em outras menos. Mas o processo foi exatamente o mesmo nas 16 rodadas anteriores, portanto não há nada que tenha mudado do ponto de vista da observância de critérios ambientais” afirmou o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, após questionamento da Agência Nossa.
Mas não é só isso
As empresas também não quiseram levar blocos na bacia de Campos, região livre da questão ambiental. A agência leiloou apenas 5 dos 92 blocos ofertados nesta 17a rodada, todos na Bacia de Santos, a mais atraente e com mais chance de sucesso na busca por petróleo. A anglo-holandesa Shell arrematou dois blocos sozinha e três em consórcio com a Ecopetrol.
“Os resultados exploratórios das últimas rodadas, a 15a e 16a, não têm se mostrado muito promissores”, afirmou à Agência Nossa o executivo de uma petroleira multinacional que nem participou do leilão. De acordo com a fonte, a falta de apetite das empresas neste leilão reflete pesquisas exploratórias que não apontam para descobertas satisfatórias de óleo. A exceção é a bacia de Santos, que abriga as grandes reservas do pré-sal.
Segundo a fonte, a questão ambiental também pode ter contribuído para afastar investimentos neste leilão, mas não como fator determinante.
O diretor-geral da ANP acrescentou ainda que apesar dos protestos contra o oferecimento de áreas ambientalmente sensíveis neste leilão, a convenção internacional está sendo seguida.