CRISE
Um terço das grandes empresas precisou renegociar prazo para pagar dívidas

Renegociar prazo para pagar dívidas está longe de ser uma realidade apenas das pequenas empresas. O estudo sobre Pagamentos no Brasil (Brazilian Payment Report), elaborado pela Intrum, mostra que 30% das grandes corporações buscaram esse tipo de estratégia para lidar com a queda no faturamento causada pela pandemia de Covid-19.
A Intrum é uma empresa europeia líder no mercado de cobrança, que está presente no Brasil desde 2018. O relatório, que tem como objetivo entender o comportamento de pagamento e o impacto na perspectiva de negócios das empresas, é publicado anualmente desde 1998 e esta é a primeira edição que inclui dados específicos do Brasil.
A renegociação das dívidas foi a principal estratégia utilizada entre as grandes empresas para lidar com a crise. Em segundo lugar, aparece a decisão de acelerar a digitalização do negócio, medida adotada por 27% das companhias. “A oferta de produtos e serviços online explodiu em todos os setores, do varejo aos serviços. Esse é um ‘legado’ da pandemia, porque a mudança é permanente, os negócios não vão voltar ao modus operandi anterior”, destaca o executivo.
Ao mesmo tempo, investimentos estratégicos tiveram que ser adiados ou cancelados em 21% das grandes empresas, percentual maior do que aquele verificado nas PMEs (15%). “Se pensarmos por outro lado, quase 80% das empresas mantiveram seus investimentos estratégicos, o que não é pouco, considerando o tamanho da crise e todas as incertezas que ela trouxe. Mostra que, apesar de tudo, boa parte do empresariado manteve uma visão de longo prazo para o seu negócio”, diz Rodrigues.
Do outro lado, os clientes também passaram a pedir mais prazo para pagar as empresas, o que pode causar descasamento de fluxo de caixa para a companhia e prejudicar sua capacidade de manter seus próprios pagamentos em dia. Entre as grandes corporações, 75% afirmaram que pagamentos mais rápidos ajudariam a melhorar o desempenho sustentável da empresa e 71% disseram que isso permitiria expandir a oferta de produtos e serviços. “Na crise, a tendência de todo mundo é conter gastos. Com as empresas não é diferente, mas isso tem um impacto inclusive em termos de inovação, já que os gastos com P&D são reduzidos e novos lançamentos, adiados”, afirma o presidente da Intrum.
Sobre o estudo
A Intrum publica, anualmente, o Relatório sobre pagamentos na Europa desde 1998. Essa é a 1ª edição do relatório para o Brasil, com foco em riscos de pagamento em uma escala nacional.
O relatório é baseado em uma pesquisa realizada simultaneamente em 29 países entre 26 de janeiro e 16 de abril de 2021. No total, foram entrevistadas 11.187 empresas de 11 setores diferentes. No Brasil, 700 companhias participaram do estudo, sendo 521 pequenas e médias empresas e 179 grandes empresas.
O conteúdo do relatório foi criado pela Intrum em parceria com a Longitude, consultoria especializada em serviços de pesquisa para empresas multinacionais e investidores, com sede em Londres, Inglaterra.
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