MERCADO EDITORIAL
Livrarias virtuais vendem mais que lojas físicas pela primeira vez
Pesquisa mostra que, na soma total, as vendas do mercado do setor editorial brasileiro cresceram 3% em 2022
A falência da Livraria Cultura, decretada mais uma vez após a Justiça de São Paulo negar o recurso da empresa, reforça o recuo do faturamento das lojas físicas que vendem produtos literários. A pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro", divulgada nesta quinta-feira (18), respalda esse cenário econômico. O levantamento realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) mostrou que, pela primeira vez na história, as vendas nas livrarias virtuais superaram as dos estabelecimentos físicos.
O levantamento levou em consideração o comportamento da produção e das vendas das editoras em quatro subsetores: Obras Gerais, Didáticos, Religiosos e Científicos, Técnicos e Profissionais (CTP). Nos segmentos de livros didáticos, obras gerais e religiosos houve um aumento de 6% no faturamento das editoras. Em termos reais, os três subsetores empatam com a inflação. Já o subsetor CTP apresentou uma queda de 10% do faturamento.
“Basicamente, houve uma combinação de performance muito boa no primeiro quadrimestre e, depois, houve um declínio bastante forte, reflexo sempre das condições macroeconômicas, e especialmente a inflação impactando o poder de compra das pessoas. Nesse sentido, claro, poderia ter sido bem melhor o crescimento. O comparativo foi frente a um ano muito forte, 2021, mas esperávamos que pelo menos empatássemos com a inflação em termos de crescimento de valor,” explicou o presidente do SNEL, Dante Cid.
Físico x digital
A pesquisa também apontou que as livrarias exclusivamente virtuais é o canal com maior participação na receita das vendas das editoras, tendo alcançado 35,2% em 2022, superando pela primeira vez as livrarias físicas. No contexto do virtual, a pesquisa “Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro” mostra que o faturamento total com conteúdo digital em 2022, alcançou um crescimento de 35%.
O crescimento foi impulsionado pelo aumento de 69% do faturamento de Bibliotecas Virtuais e pela inserção do subsetor de didáticos por meio da categoria Plataformas Educacionais. Apesar desse crescimento, o conteúdo digital continua representando 6% do mercado editorial brasileiro.
“Isso já foi um reflexo iniciado durante a pandemia, o brasileiro se acostumando mais com a compra online. Mas vemos também que isso não deixou de permitir que houvesse um crescimento do número de livrarias físicas, o que aconteceu realmente em 2022. Então, ficamos felizes que apesar do crescimento das livrarias virtuais, o crescimento das livrarias físicas também vem acontecendo,” enfatizou Dante.