INVESTIGAÇÃO

PF fará "pente-fino" em movimentações de dinheiro feitas pela Lava Jato

Corporação foi instruída a intensificar a apuração, sobretudo diante da suspeita de que o grupo em Curitiba acumulava poderes
Por Redação 25/07/2023 - 19:56
Atualização: 25/07/2023 - 20:12
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Agência Brasil
Polícia Federal
Polícia Federal

A Polícia Federal fará um "pente-fino" em todas as movimentações conduzidas por contas relacionadas à organização da Operação Lava Jato. A corporação foi instruída a intensificar a apuração, sobretudo diante da suspeita de que o grupo em Curitiba acumulava poderes. A informação foi revelada pelo portal Uol.

Na segunda-feira, 24, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que encaminhou à Polícia Federal "o caso dos acordos feitos por procuradores com outros países, sem o procedimento legal". Segundo ele, o objetivo é investigar a origem e o destino de bilhões de reais e os motivos que levaram aos acordos com autoridades estrangeiras.

Não há uma solicitação da quebra de sigilo das contas pessoais dos procuradores ou do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro, mas a situação pode mudar caso os resultados da primeira fase indiquem qualquer tipo de irregularidade.

Segundo divulgou o Uol nesta terça-feira, 25, o ofício foi enviado pelo gabinete do ministro para a 13ª Vara Federal, em Curitiba, onde já existe um procedimento estabelecido pela Conselho Nacional de Justiça para apurar como os procuradores da Lava Jato conduziram os trabalhos. Fontes do site afirmam que contas judiciais ainda estão abertas e há recursos também aguardando definição na Suíça.

O site havia revelado, na semana passada, que o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol negociou em sigilo com as autoridades norte-americanas um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa da corrupção. A negociação não envolveu a CGU (Controladoria-Geral da União), o órgão competente por lei, para o caso.

Conversas secretas ocorreram entre procuradores suíços e brasileiros por mais de três anos, tratando do papel das autoridades de Berna na investigação da Operação Lava Jato. Ambos os países consideraram estratégico envolver a Justiça americana no caso.

A Petrobras fechou um acordo com os EUA, pagando uma multa de 853,2 milhões de dólares, sendo 80% do valor destinado ao Brasil. Parte desse montante seria destinado a um fundo privado que não foi criado devido à suspensão do ministro Alexandre de Moraes, e o dinheiro foi destinado à Amazônia, sendo agora investigado pelo CNJ.

As conversas secretas não se limitaram à Suíça, mas também envolveram procuradores norte-americanos. Foram comprovados encontros e trocas ilegais de informações, sem pedido de assistência formal, conforme documentos oficiais do Ministério das Relações Exteriores. Durante as conversas e visitas, os procuradores da Lava Jato sugeriram maneiras de driblar entendimentos do STF para permitir que os EUA ouvissem delatores da Petrobras no Brasil.

Deltan usou as redes sociais para se pronunciar. Segundo ele:

- Negociações de acordos sempre foram tratadas de modo confidencial por várias razões de interesse público, que incluíam preservar os interesses da investigação e da recuperação de ativos, assim como promover, na forma e tempo apropriado de acordo com a lei das sociedades anônimas, a divulgação de informações ao mercado.
- O acordo entre MPF e Petrobras teve por objeto direitos difusos, o que, de modo contrário ao que supõe o jornalista, é de atribuição do MPF e não da CGU, o que é mais uma evidência da falta de apuração e contexto com que os jornalistas têm abordado os assuntos tratados nas supostas mensagens.
- Os procuradores da Lava Jato não reconhecem as supostas mensagens obtidas mediante crimes, sem autenticidade atestada e usadas sem critérios éticos por diversos jornalistas, que têm divulgado atividades legítimas de funcionários públicos de modo deturpado, sem apuração adequada do contexto e fechando os olhos para a gravidade dos crimes contra direitos fundamentais praticados por hackers.

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