pós-redemocratização

Dos cinco presidentes, apenas FHC escapou da ‘maldição da República’

Ele foi o único que seguiu a vida sem passar por grandes turbulências após o cargo
Por Redação 09/03/2025 - 08:06
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FHC
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Um dos temas mais debatidos nos bastidores políticos de Brasília atualmente gira em torno do futuro judicial de Jair Bolsonaro. Com várias investigações em curso, a possibilidade de condenação do ex-presidente levanta uma questão inédita na história do Brasil: onde ele cumprirá sua pena, caso seja condenado? A decisão caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF), e entre as opções especuladas estão desde uma unidade militar até um presídio comum.

Independentemente da definição, a eventual condenação de Bolsonaro reforçaria um padrão que parece assombrar os ocupantes do Palácio do Planalto. Desde a redemocratização, apenas um presidente, Fernando Henrique Cardoso (FHC), conseguiu concluir seu mandato sem enfrentar processos criminais ou polêmicas judiciais graves. Os demais foram alvos de impeachment, investigações criminais e até prisões, consolidando a imagem de uma "maldição" que recai sobre ex-mandatários do país.

Atualmente, Bolsonaro é investigado em pelo menos seis inquéritos no STF, incluindo suspeitas de fraude no cartão de vacinação contra a covid-19, desvio de joias recebidas como presentes e envolvimento em uma tentativa de golpe para se manter no poder. A mais grave dessas acusações é a de conspiração golpista, pela qual ele já foi denunciado e deve se tornar réu em breve. Se condenado, a pena pode chegar a 40 anos de prisão. Aos 69 anos, Bolsonaro poderia pleitear progressão de regime após cumprir um terço da pena, mas, no cenário mais rigoroso, ele só sairia da cadeia em 2038, aos 83 anos.

A história brasileira tem outros exemplos de ex-presidentes que enfrentaram graves problemas com a Justiça. Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura, foi afastado do cargo em 1992 por impeachment e, anos depois, condenado por corrupção. Em 2023, recebeu uma pena de oito anos em regime fechado, mas ainda não iniciou o cumprimento da sentença devido a recursos pendentes.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também viveu uma saga judicial. Condenado por corrupção na Operação Lava Jato, ele passou 580 dias preso até que o STF anulasse sua condenação, restabelecendo seus direitos políticos e permitindo sua volta à Presidência em 2022. Sua sucessora, Dilma Rousseff, foi afastada por impeachment em 2016 e, após uma tentativa frustrada de retornar à política como senadora, se afastou da vida pública.

Michel Temer, que assumiu a Presidência após o impeachment de Dilma, foi preso preventivamente em 2019 sob a acusação de liderar um esquema de corrupção. Embora tenha sido solto poucos dias depois, seu governo também ficou marcado por escândalos e investigações judiciais.

Para analistas políticos, esse fenômeno pode ser explicado por dois fatores principais: o sistema político brasileiro e a politização do Judiciário. O presidencialismo de coalizão exige dos governantes constantes negociações com o Congresso, o que pode abrir espaço para corrupção. Além disso, o uso do Judiciário como ferramenta política contribui para processos que podem ser acelerados ou desacelerados conforme interesses partidários. (Com Veja)

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