Política
CPMI do INSS vai esquentar com conflito interno entre Renan e Gaspar
Senador e deputado são opositores políticos, obstáculo para um trabalho isento e apartidário
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada nesta quarta-feira, 20, para investigar os descontos irregulares nos pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS terá de superar conflitos internos se quiser apresentar à sociedade uma resposta sobre o que ocorreu, de fato, e quem são os responsáveis pela fraude que pode ter chegado a R$6,4 bilhões ao longo de seis anos.
Um dos conflitos é participação nos trabalhos do deputado Alfredo Gaspar (união Brasil), bolsonarista que participou do ato de obstrução da Mesa Diretora da Casa quando foi decretada a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, e do senador Renan Calheiros (MDB) inimigo político ferrenho do "mito".
Os dois políticos vão se enfrentar muitas vezes durante as ações de investigação, que tem prazo inicial de 180 dias para apurar as fraudes no instituto. Gaspar será o relator da CPMI, que tem como presidente o senador Carlos Viana (Podemos-MG). O deputado por Alagoas já disse que "o governo Lula meteu a mão em R$ 6 bilhões do dinheiro dos aposentados", em discurso feito na tribuna em abril deste ano.
Renan Calheiros foi escolhido por ser um dos principais aliados e defensores do presidente Lula.
Além do enfrentamento dos integrantes, a CPMI tem pela frente o desafio gigantesco de fazer um trabalho isento e apartidário, sem prejulgamentos, para apurar as responsabilidades sobre a fraude, iniciada em contratos fechados durante o boverno de Bolsonaro.
A comissão é formada por 16 senadores e 16 deputados, e igual número de suplentes, e vai investigar os descontos indevidos em benefícios do INSS praticados por associações de representação de aposentados, a partir de 2019, segundo investigações da Polícia Federal.